• Matéria: Filosofia
  • Autor: vicky84
  • Perguntado 8 anos atrás

qual o objetivo de Descartes ao formular os argumentos céticos.

Respostas

respondido por: galdino42
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Descartes ficou conhecido por ter adotado o método da dúvida hiperbólica ou sistemática. O que significa isso? Que, diante de tudo o que ele considerava como conhecimento e que ele havia acumulado até então (através dos sentidos, da educação formal, do ambiente familiar etc.), Descartes adotou um posicionamento de duvidar de absolutamente tudo, não ter nada como garantido. 

Não era uma dúvida motivada por uma análise individual de cada verdade/conhecimento e nem de uma avaliação sobre aprendizagem na época, era uma dúvida exagerada (hiperbólica) de propósito, que não deixava nada intocado, para que se pudesse partir do zero (ou quase isso). Assim que Descartes via o início ideal para o processo de obtenção de conhecimento através da Filosofia. 

Além dessa dúvida hiperbólica mais genérica, Descartes formulou uma série de argumentos céticos apresentados na sua obra Meditações Metafísicas. Os três são cenários imaginados onde a dúvida com relação à possibilidade de termos conhecimento verdadeiro sobre o mundo, é levada a um nível ainda mais radical.
 
O argumento do sonho coloca dúvida sobre os dados que obtemos dos sentidos, colocando a possibilidade de não termos capacidade de distinguir sonho de realidade usando esses sentidos. O meditador do texto de Descartes eventualmente percebe que não seria possível estar errado, mesmo nos sonhos, sobre coisas como formas, quantidades, e outros objetos abstratos da matemática.

No argumento do Deus Enganador, temos um deus que tem o poder de nos enganar até mesmo sobre conhecimentos matemáticos e lógicos

O argumento do Gênio Maligno coloca uma situação onde um demônio cria em nossas mentes ilusões sobre um mundo fora de nós, incluindo sobre nosso próprio corpo

O objetivo desses argumentos era colocar dúvidas radicais que abrangessem todo tipo de conhecimento e certeza que podemos imaginar que temos. Só assim poderíamos encontrar verdades indubitáveis, pois elas sobreviveriam a esses cenários.

Assim que Descartes chegou a sua famosa frase “Penso, logo existo”. A ideia era que, justamente por estar duvidando de seus conhecimentos, ele poderia ter certeza de que ao menos ele era capaz de duvidar. E como ele considerava o ato de duvidar como um ato de pensamento, chegou a essa conclusão de que ele existia pelo menos enquanto algo pensante.

A partir dessa primeira certeza, ele poderia ir alcançando e descobrindo outras, e assim estabelecer um solo seguro para o conhecimento.
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