O texto de Carlos Bacellar apresenta alguns pontos importantes para as etapas de pesquisa, sobretudo as relacionadas ao arquivo e os procedimentos necessários para o levantamento de fontes e o tratamento da documentação. Diante disso, como o autor apresenta indicações para a análise de documentos?
Respostas
A. No primeiro tema, Bacellar apresenta algumas naturezas de arquivos que os pesquisadores poderão consultar. Aborda arquivos de base: do Poder executivo, legislativo e judiciário, arquivos cartoriais, eclesiásticos e privados. Por ser de mais fácil acesso e por ter mais acervo, os arquivos do Poder Executivo trazem mais exemplos e especificações. Subdivide então, os arquivos do Poder Executivo em: Correspondência: ofícios e requerimentos. Esse tipo de arquivo diz respeito como o próprio título elenca as correspondências e pela quantidade variada desses arquivos, fica muito difícil sua categorização e indexação por assuntos. Mas constitui um campo riquíssimo de pesquisa. Listas nominativas de habitantes. Refere-se a listas elaboradas primeiramente para fins de recrutamento militar, contendo informações importantes como, “composição de cada domicílio, indicando nome, idade, cor, estado civil, condição, naturalidade e ocupação econômica, permitem análises bastante ricas e diversificada das condições econômicas”. Matrículas de classificação de escravo. Correspondem a listas criadas após a Lei do Ventre Livre, e tem como principal tema de estudo o conhecimento da organização da força de trabalho escravo para os anos finais do Império. Listas de qualificação de votantes. Listas essas que elencavam as pessoas que poderiam votar de acordo com a renda de cada indivíduo. O estudo desses arquivos trazem a possibilidade de conhecer além das pessoas de classes mais altas a possibilidade de se perceber a divisão dos votos entre os diversos grupos. Documentos sobre imigração e núcleos coloniais. Esse tipo documental abrange uma gama variada de arquivos de naturezas diversas que abordam os processos de imigração ocorridos durante esse período, o que possibilita aos historiadores conhecerem um pouco mais sobre as pessoas que desembarcavam em território brasileiro. Matriculas e frequência dos alunos. O trabalho com arquivos dessa origem possibilita o trabalho sistémico da frequência dos alunos, e mais precisamente, que tipo de alunos frequentavam as escolas, e por que período ocorria à permanência desses nesse espaço. Documentos de polícia. Também corresponde uma infinidade de arquivos para pesquisa, possibilitando se traçar o “perfil social dos prisioneiros, relacionando a qualidade da contravenção com a cor, idade e outros dados de identificação” Documentos de obras públicas. Abrangem as obras de caráter variados produzidas durante o Império. Possibilitando uma gama variada de estudo sobre as diversas documentações, porém constitui um campo pouco explorado pelas pesquisas históricas. Documentos sobre terras. Compreende um campo de disputa e por isso por muito tempo o acesso a esses arquivos ficou restrito. Abrange data de empossamento, cartas de sesmarias, concessões, entre outros assuntos ligados a posse da terra. Desta forma, é um rico acervo de fonte para o trabalho historiográfico. Já os arquivos que englobam o Poder Legislativo e Judiciário constituem um campo embora muito importante pouco acessível, tanto pela falta de espaços organizacionais quanto pelo descaso desses órgãos. O primeiro corresponde às sessões legislativas que discutem os projetos desse poder, já o segundo Poder, abrangem os preciosos testamentos, inventários, o que interessa muito a um segmento historiográfico que visa compreender os vários segmentos sociais bem como suas práticas culturais.