Respostas
Tendo estado envolvida na Ásia Central desde 1998, quer a nível académico quer a nível profissional, cheguei à conclusão de que a região fornece numerosas hipóteses de estudo sobre o modo como as relações entre interesses internacionais, a economia legítima, a criminalidade e a violência política colidem e/ou convergem.
Esta ideia resultou inicialmente da minha investigação académica sobre a relação crime-terror, ao deduzir em 2000 que o Movimento Islâmico do Uzbequistão ganhava força porque Juma Namanganiy tinha conseguido entrelaçar (a fachada de) negócios legítimos com o tráfico de narcóticos.
Os exemplos evoluíram para operações mais sofisticadas ao longo dos anos, à medida que os interesses dos negócios convergiram cada vez mais com os interesses criminosos e políticos. Por exemplo, no Quirguistão surgiram provas que sugerem que, embora os sectores económicos chave estejam frequentemente interligados a actividades ilegais, lhes é facultado acesso sem limitações ao sistema bancário e que atraem investimento estrangeiro.
Em vez de adoptar os ideais democráticos e os mecanismos de mercado, apoiados pelo Ocidente e praticados pelo Ocidente como vias preferenciais através das quais o crescimento económico e a estabilidade política podem ser atingidos, a Ásia Central vê o seu desenvolvimento restringido pelo poder acumulado por regimes autoritários, por oligarcas e redes criminosas.
Além disso, apesar de criticarem regularmente a região pela sua falta de progresso democrático ou a sua incapacidade de controlar a criminalidade e o extremismo crescente, as atitudes dos actores externos têm perpetuado a governação autocrática e a corrupção, o que, por sua vez, alimenta um clima de instabilidade económica, política e social.