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A musica afro – brasileira colonial e num momento pós – abolição (pensemos nos primórdios como dos descendentes de africanos nascidos no Brasil) era uma musica que trazia muito mais batidas do que acordes.
Enquanto na Europa se desenvolvera sons de instrumentos de corda e piano (que não deixa de ser uma espécie de corda), o continente africano tinha na percussão seus grandes meios de expressão. Ligados às suas próprias questões religiosas e seus rituais, as musicas traziam sua origem, sua religião, sua crença e sua própria identidade de ao menos culturalmente, ainda estarem ligados à África.
E o fazem ainda hoje, visto que para os afro - descendentes, a África e a escravidão ainda fazem parte de sua historia , de quem são.
No século XX, vimos o negro começar a miscigenar - se na sociedade – ainda com grandes poréns visto que valores ainda ligados à época da escravidão eram presentes – e surgir o samba, que traz a vida do negro do morro carioca principalmente, ex – trabalhador das fazendas de café que agora tinha que “dar seus pulos” para sobreviver, muito caracterizado (e mal visto à época) na figura do “malandro”.
O samba ficou famoso e ainda mais ao passar a ser cantado por interpretes brancos. Noel Rosa e Chico Buarque mais a frente popularizarão esse tipo de som e o levarão alem.
Mas nos mesmos espaços habitados vão surgindo outros tipos de batidas. Vindos de outros países ou não, surge o rap e o funk nos anos 80. Letras que abordavam a realidade do negro principalmente mas de uma maneira geral do morador dos morros e de regiões periféricas contavam sobre como eram os valores, os casos, as situações de que muitos passavam por residirem nesses espaços e terem suas características fenotípicas.
Independente de qual o momento, o tema, o estilo, a musica afro brasileira sempre traz as experiências e visões sobre diversos temas de uma parcela da população que não se sente incluída ou com seus direitos respeitados. Sem muita voz para mudar essa realidade, a musica pode ser um espaço democrático onde todos podem se expressar.
Um espaço onde podem criticar, colocar e inclusive apresentar às outras classes e outros grupos sociais o que pensam, o que veem, como pensam, como vêem, o que é bom e o que não esta.