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Ideologia é a maneira de interpretar o mundo de acordo com os interesses da classe social do interpretante. A ideologia é um fenômeno (quase) inconsciente; não nos damos conta de que nossas avaliações e perspectivas são ideológicas, pois quando temos consciência disto elas deixam de ser ideológicas. O empresário que monta uma grande fábrica, desprendendo grande soma de capital, considera-se um gerador de empregos e de riqueza. O mesmo homem pode ser considerado, dentro de outra postura ideológica, um explorador da capacidade de trabalho humana. Todas as duas interpretações são ideológicas.
Outro exemplo: para uma determinada classe que está no poder é necessário que haja verdades eternas, valores eternos, pois consciente ou inconscientemente a classe deseja eternizar-se no poder. Esta postura é chamada freqüentemente de “conservadora”, ou de “direita”, e raciocina na base do pensamento: “Isso sempre foi e será assim”. Outra postura, chamada de “esquerda”, ou “revolucionária”, acredita que pode haver mudanças, que a realidade está sempre em transformação.
Chama-se ideologia dominante aquela que a classe dominante consegue impor à sociedade, através dos meios de comunicação e da produção da cultura. Por causa disto, a classe operária, por exemplo, pode deixar de ter consciência de classe (da sua classe) para pensar como pensa a classe dominante, e assim servir aos interesses da dominação.
Alguns cientistas sociais, como Habermas, acreditam que não se pode falar hoje de ideologia na sociedade industrial, que caracteriza o mundo moderno. O Estado tecnológico, o capitalismo moderno, tratou de resolver a antiga separação de classes, hoje dissolvidas na massa. E a prevalência do Estado (que é um poder sem dono, um poder passageiro) fez com que tendam a desaparecer os donos dos meios de produção, isto é, a chamada burguesia, que caracterizava o tipo de sociedade do século XIX. Vivemos, hoje, uma enorme sociedade de massa, controlada por um gigantesco aparelho burocrático do estado (no Terceiro Mundo o tipo de sociedade burguesa talvez ainda exista).
Não podemos reduzir o sentido da literatura essencialmente à sua forma ideológica, ou à crítica da ideologia dominante. Alguns teóricos defendem a tese de que a arte faz parte da superestrutura (a ideologia dominante que se manifesta na religião, na filosofia, no direito e na política da classe dominante). Arte, porém, é forma, além de ser mensagem. Assim, a arte resiste mesmo quando determinadas estruturas sociais desaparecem, mesmo quando já não importa a ideologia em que se inseria. Foi Marx o primeiro a ver como a arte grega perdurava, mesmo já tendo desaparecido aquele tipo de sociedade e de economia grega. Havia alguma coisa naquela arte, além de ideologia. E ler “Ilíada” vendo só o problema escravagista é um contra-senso.
É certo que o artista está condicionado histórica e socialmente, mas sua arte não se reduz à ideologia. A obra-de-arte supera o problema social do meio onde nasceu. Do ponto de vista social, a arte é expressão da divisão da sociedade; mas do ponto de vista da estética, a arte tende para a universalidade, vendo o homem de todas as sociedades e de todas as classes como o mesmo home. Assim, um personagem de Racine transcende o absolutismo; um personagem de Balzac transcende o capitalismo burguês. As ideologias de classe passam; a arte permanece.
Não se pode esquecer que a arte é um produto histórico e que o universal que ela realiza não é o universal abstrato e intemporal (o que seria uma postura idealista). A arte surge no e pelo particular para atingir o universal. Surge num determinado tipo de sociedade para atingir a universalidade.
É necessário, pois, excluir os dois extremos: nem pensar que a arte é somente ideologia, nem opor arte e ideologia, negando o seu caráter ideológico.
Outro exemplo: para uma determinada classe que está no poder é necessário que haja verdades eternas, valores eternos, pois consciente ou inconscientemente a classe deseja eternizar-se no poder. Esta postura é chamada freqüentemente de “conservadora”, ou de “direita”, e raciocina na base do pensamento: “Isso sempre foi e será assim”. Outra postura, chamada de “esquerda”, ou “revolucionária”, acredita que pode haver mudanças, que a realidade está sempre em transformação.
Chama-se ideologia dominante aquela que a classe dominante consegue impor à sociedade, através dos meios de comunicação e da produção da cultura. Por causa disto, a classe operária, por exemplo, pode deixar de ter consciência de classe (da sua classe) para pensar como pensa a classe dominante, e assim servir aos interesses da dominação.
Alguns cientistas sociais, como Habermas, acreditam que não se pode falar hoje de ideologia na sociedade industrial, que caracteriza o mundo moderno. O Estado tecnológico, o capitalismo moderno, tratou de resolver a antiga separação de classes, hoje dissolvidas na massa. E a prevalência do Estado (que é um poder sem dono, um poder passageiro) fez com que tendam a desaparecer os donos dos meios de produção, isto é, a chamada burguesia, que caracterizava o tipo de sociedade do século XIX. Vivemos, hoje, uma enorme sociedade de massa, controlada por um gigantesco aparelho burocrático do estado (no Terceiro Mundo o tipo de sociedade burguesa talvez ainda exista).
Não podemos reduzir o sentido da literatura essencialmente à sua forma ideológica, ou à crítica da ideologia dominante. Alguns teóricos defendem a tese de que a arte faz parte da superestrutura (a ideologia dominante que se manifesta na religião, na filosofia, no direito e na política da classe dominante). Arte, porém, é forma, além de ser mensagem. Assim, a arte resiste mesmo quando determinadas estruturas sociais desaparecem, mesmo quando já não importa a ideologia em que se inseria. Foi Marx o primeiro a ver como a arte grega perdurava, mesmo já tendo desaparecido aquele tipo de sociedade e de economia grega. Havia alguma coisa naquela arte, além de ideologia. E ler “Ilíada” vendo só o problema escravagista é um contra-senso.
É certo que o artista está condicionado histórica e socialmente, mas sua arte não se reduz à ideologia. A obra-de-arte supera o problema social do meio onde nasceu. Do ponto de vista social, a arte é expressão da divisão da sociedade; mas do ponto de vista da estética, a arte tende para a universalidade, vendo o homem de todas as sociedades e de todas as classes como o mesmo home. Assim, um personagem de Racine transcende o absolutismo; um personagem de Balzac transcende o capitalismo burguês. As ideologias de classe passam; a arte permanece.
Não se pode esquecer que a arte é um produto histórico e que o universal que ela realiza não é o universal abstrato e intemporal (o que seria uma postura idealista). A arte surge no e pelo particular para atingir o universal. Surge num determinado tipo de sociedade para atingir a universalidade.
É necessário, pois, excluir os dois extremos: nem pensar que a arte é somente ideologia, nem opor arte e ideologia, negando o seu caráter ideológico.
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