• Matéria: Geografia
  • Autor: JuliaTrevizani7749
  • Perguntado 8 anos atrás

IDENTIFIQUE e EXPLIQUE duas situações enfrentadas pela China, hoje, a partir de sua participação no mundo globalizado, tendo em vista seu ingresso na OMC (Organização Mundial do Comércio) em 2001.

Respostas

respondido por: igorporto23
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A adesão da China à Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001 consolida a crescente abertura do país de maior população do mundo. Tal fato foi marcado por vários anos de difíceis negociações com os principais parceiros internacionais, Estados Unidos e União Européia, com os quais teve que concluir prévios acordos sobre as modalidades concretas da mútua abertura das economias. Foi celebrada, portanto, mesmo que de maneira superficial, como uma forma de triunfo final da economia de mercado. Após mais de vinte anos de reformas liberais, acabou oficialmente o tradicional isolamento do maior dos países que, até tempos recentes, estava ainda bem fechado. A China será agora mais um parceiro da ordem global, embora de peso e natureza bem particulares. O acontecimento, com certeza, é histórico, pois amplia ainda mais a controvertida "globalização da economia" e dará à China um papel de destaque no mundo do século XXI, maior do que se tivesse ficado à margem da OMC. O comércio mundial e a divisão internacional do trabalho estão de parabéns com a inclusão de pleno direito da China. Ademais, sua adesão à OMC – simultaneamente à de Taiwan – chegou quase como uma notícia de salvação após uma série de golpes desastrosos para a globalização liberal como o fiasco de Seattle, o escândalo da Enron, a queda da new economy e até os ataques de 11 de setembro e a posterior "guerra antiterrorista". Tudo isso, conjuntamente com as simultâneas crises agudas da América Latina e do Oriente Médio, agravou sensivelmente o mal-estar econômico e as tensões políticas mundiais. Então, foi possível dar um novo otimismo, com certeza relativo, aos projetos de um "multilateralismo" renovado1 .

Os pragmáticos chineses parecem nutrir a idéia básica que permitiu no passado os êxitos do Japão e dos "tigres asiáticos": integrar-se ao mundo ainda dominado pelo Ocidente de maneira dinâmica, mas prudente, negociada e não imposta, sem deixar-se dominar.

Com um quinto da população da terra, uma economia e um comércio exterior já equiparado aos do Japão, os chineses pensam, com alguma razão, que só podem ser parceiros em condições de igualdade com as outras grandes potências, e não subordinados a estas. O "comunismo chinês", no fundo, sempre foi talvez mais "chinês" do que "comunista". Isto é, nacionalista e herdeiro de uma tradição milenar que considera a China não apenas como um país qualquer, mas como a civilização central da humanidade. Como salienta Eric Hobsbawm no seu olhar sobre o século XX, apesar dos seus atrasos e misérias, a China nunca teve os complexos de inferioridade cultural tão típicos da URSS e de outros países socialistas que queriam a qualquer preço "alcançar e ultrapassar" os países capitalistas avançados2 . Foi essa também, sem dúvida, a razão principal da ruptura sino-soviética, pois na época esse "modelo" ainda parecia bem-sucedido.

Em todo caso, os chineses preferem hoje um mundo realmente multipolar à hegemonia de uma superpotência. Daí as tensões recorrentes com os Estados Unidos e a importância que dão às suas relações com a Europa, o Japão, a Rússia, o Brasil etc. Assim, a entrada na OMC constitui não tanto a conversão do Império do Meio ao capitalismo liberal, mas um compromisso pragmático aceito pelos líderes chineses para reforçar e consolidar as novas correntes de exportação, o aporte de investimentos externos direto (IED) que dinamizam sua economia e para deixar de uma vez de ser uma espécies de outlaw comercial3 . Ao mesmo tempo, as pressões exteriores, agora mais previsíveis visto que são "regulamentadas" no âmbito da OMC, continuam agilizando as reformas internas que os líderes chineses querem impor com

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