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Perseu
Perseu era filho de Zeus e de uma mortal, Dánae. Acrísio, pai de Dánae, tinha consultado um oráculo sobre a sua descendência e recebeu como resposta que um seu neto, filho de Dánae, o haveria de matar. Na tentativa de evitar que uma profecia tão tremenda se cumprisse, Acrísio mandou construir um quarto subterrâneo, todo em bronze, onde encarcerou a filha.
Ora, Zeus, enamorado de Dánae, encontrou, como sempre fazia, modo de chegar junto dela, sob a forma de uma chuva de ouro que se infiltrou por uma fenda na prisão de Dánae. Uniu-se à jovem e ela concebeu um filho, Perseu. Com a ajuda da ama, que tinha sido aprisionada com ela, Dánae deu à luz e criou o filho, secretamente, durante vários meses. Mas, à medida que foi crescendo, a criança, umas vezes chorava alto, outras fazia barulho a brincar: e um dia o avô ouviu-o. Enfurecido, matou a ama (que pensou ser cúmplice da desobediência) e encerrou a filha e o neto num cofre de madeira que lançou ao mar. Mas a estranha embarcação, em vez de naufragar, aportou nas margens de uma ilha, onde um pescador recolheu mãe e filho, que criou em sua casa.
Perseu tornou-se um jovem muito belo e cheio de bravura. Tão corajoso era que, um dia, comprometeu-se, perante o rei da ilha, a trazer-lhe a cabeça de Medusa, a mais terrível das Górgonas. Talvez não o tivesse conseguido se não tivesse podido contar com duas preciosas ajudas: a de Hermes, o mensageiro dos deuses, e a de Atena, deusa da guerra, mas também da razão e da inteligência. Foram eles que aconselharam Perseu a que procurasse as três Greias, “As Velhas” (porque nunca tinham sido novas, tinham nascido já velhas), que eram irmãs das Górgonas. As Greias tinham apenas um olho e um único dente para as três, que iam usando uma de cada vez. Perseu conseguiu roubar-lhes esse único olho e o único dente e, sob ameaça de jamais os devolver, obrigou-as a revelar-lhe o caminho até às Ninfas, que deram ao herói os meios que o iriam ajudar na luta contra as Górgonas: umas sandálias aladas, um alforge e o elmo de Hades, deus dos Infernos, que tornava invisível quem o usasse. Hermes ainda lhe deu uma foice de aço, muito aguçada.
Assim armado, Perseu enfrentou as Górgonas, os três terríveis monstros, cujo olhar transformava em pedra quem o fixasse. O herói, porque tinha as sandálias aladas, elevou-se no ar enquanto Atena segurava, sobre a cabeça da Medusa, um escudo de bronze polido que funcionava como um espelho, para que Perseu pudesse ver o que fazia sem olhar diretamente para o temível monstro. Assim conseguiu o herói cortar-lhe a cabeça.
Do sangue que jorrou nasceu um cavalo alado, Pégaso, que se dirigiu ao Olimpo e ficou ao serviço de Zeus, e um monstro gigantesco, Crisaor, que empunhava uma espada de ouro. Perseu guardou a cabeça da Medusa dentro do alforge e iniciou o caminho de regresso, sem que as outras duas Górgonas o conseguissem perseguir, pois o herói, mercê do elmo de Hades, estava invisível.
No caminho, Perseu encontrou Andrómeda, que estava presa a um rochedo para ser devorada por um monstro marinho que assolava o país, a Etiópia. Essa era a condição, revelada por um oráculo, para que os ataques cessassem. O herói apaixonou-se por Andrómeda, assim que a viu, e, como é de se esperar, resolveu libertá-la. Foi isso que prometeu ao pai da jovem, caso ele lha desse de seguida em casamento. Combinado o resgate e a recompensa, Perseu, que estava munido das suas armas mágicas, matou o monstro marinho e salvou a amada.
Perseu e Andrómeda casaram-se, como previsto. Mas o oráculo que predissera que o herói mataria o avô acabou mesmo por se cumprir. Um dia, nuns jogos em que participava, Perseu lançou o disco mas o vento desviou-o do rumo certo, o que fez com que atingisse um dos espectadores no pé e lhe causasse uma ferida mortal. Sem saber quem ele era, Perseu acabava de matar o avô e de realizar o que o oráculo anunciara e o destino estabelecera.
Górgonas
As Górgonas (ou Górgonas) eram três irmãs filhas de duas divindades marinhas. Chamavam-se Esteno, Euríale e Medusa: Esteno e Euríale eram imortais, Medusa era mortal, embora fosse a mais importante.
Todas três eram monstros, que habitavam perto do Reino das Sombras. Tinham uma cabeleira eriçada de serpentes, dentes de javali, pescoço cheio de escamas, mãos de bronze e asas de ouro que lhes permitiam voar. Possuíam um poder fantástico no olhar: quem as fixasse ou olhasse de frente ficava imediatamente transformado em pedra. Aterrorizavam mortais e imortais e só Perseu, com as ajudas divinas que recebeu, conseguiu vencê-las (v. Perseu).
Atena colocou a cabeça cortada da Medusa no centro do seu escudo: com isso, a deusa passou a ter uma arma terrível, pois quem a olhasse ficava instantaneamente petrificado.
Também o sangue que saiu da ferida mortal da Medusa tinha propriedades mágicas: o que escorreu da veia esquerda era um veneno mortal e fulminante; o da veia direita tinha o poder de ressuscitar os mortos.