3) (Enade 2015) Leia o texto a seguir. A paquistanesa Malala Yousafzai, de dezessete anos de idade, ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2014, pela defesa do direito de todas as meninas e mulheres de estudar. "Nossos livros e nosso lápis são nossas melhores armas. A educação é a única solução, a educação em primeiro lugar", afirmou a jovem em seu primeiro pronunciamento público na Assembleia de Jovens, na Organização das Nações Unidas (ONU), após o atentado em que foi atingida por um tiro ao sair da escola, em 2012. Recuperada, Malala mudou-se para o Reino Unido, onde estuda e mantém o ativismo em favor da paz e da igualdade de gêneros. Disponível em . Acesso em 18 ago. 2016 (com adaptações). A partir dessas informações, redija um texto dissertativo sobre o significado da premiação de Malala Yousafzai na luta pela igualdade de gêneros. Em seu texto, aborde os seguintes aspectos: a) direito das jovens à educação formal; b) relações de poder entre homens e mulheres no mundo.
Respostas
Antes de tudo, vamos analisar o que é informado no texto da questão, em que conhecemos a importante Malala Yousafzai, uma jovem que teve reconhecimento de sua luta em 2014 ao ganhar o Nobel, sua principal luta é que através da educação de qualidade possa transformar a vida de todos e todas, como seu sonho de igualdade de gêneros.
Deste modo a questão nos pede para se concentrar na importância dessa premiação e seu reflexo na luta pelo direito das mulheres, abordando assim o direito a educação e a relação entre homens e mulheres.
“A luta por um mundo melhor começa aqui”
Num país em que o controle do ir, vir e pensar é algo levado ao extremo, gera uma sociedade que possui medo de apresentar opiniões diferentes das chamadas oficiais, pois as represálias são rígidas. Podemos comparar com as análises de Michel Foucault em “Vigiar e Punir”, em como as leis podem dominar e criar uma coesão social que não abra espaço para o livre pensamento, mas sim uma única visão que não deve ser passível de questionamento, construindo uma organização social em que alguns possuem privilégios e outros não têm nenhum lugar de fala. Como é o caso de Malala Yousafzai, que em meio a uma sociedade extremamente machista resiste, afirmando o direito das mulheres a ter uma educação de qualidade.
“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”, frase clássica do livro “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire apresenta um grande resumo sobre as condições que um sistema de educação deve se encontrar se deseja realizar mudanças em sociedade, ou seja, a educação não deve servir para formatar pessoas em nome do controle e padronização social, mas deve alimentar o jovem a ter imaginação por novas possibilidades em meio ao seu mundo de obstáculos. A história de Malala Yousafzai se encontra aqui, mesmo com o crescente poder dos talibãs e a proibição do direito ao estudo para mulheres no Paquistão, ela continuou a se dedicar aos seus estudos tanto com o apoio de seus pais como sua força de vontade própria, logo sua luta por um mundo melhor não começou quando chegou a um alto cargo de uma organização, mas sim no seu dia a dia.
A luta por uma educação libertadora faz com que a transformação se torne o norte de todas as ações de Malala, assim sendo, ela consegue aliar muito bem o direito a educação com os direitos de igualdade de gênero, questionando toda a organização social paquistanesa, evidenciando o problema estrutural e nos apresentando possíveis soluções. Ela faz mais que o enfrentamento, ela se posiciona e afirma, acreditando que a melhor forma de superar tais problemas é com o dialogo, tendo como base a educação, transformando as jovens paquistanesas em agentes históricos que podem e devem realizar escolhas, como foi dito em uma entrevista para a BBC. Logo a premiação no Nobel da Paz de 2014 foi um grande marco, pois evidencia que deseja o fim de machismo estrutural no Paquistão, mas com base no diálogo, não porque não acredita nos preceitos do Islã, mas porque percebe que ali homens e mulheres não possuem os mesmos direitos, mas sim privilégios e punições.
Se Foucalt conseguiu realizar uma ampla análise de controle social e Freire analisou o sistema educacional para que tenha uma finalidade libertadora, podemos afirmar que Malala consegue evoluir todo esse campo teórico e construir razões e motivos diários para se manter resistindo e buscando um mundo em que conversas pacificas sejam possíveis, verdades absolutas sejam abolidas e que a educação possa inspirar mais pessoas a mudar o mundo, não se conformar com ele. O Nobel de 2014 evidenciou que ela continua com suas convicções e que sua batalha é contra a desigualdade de gênero e sua principal arma é a educação, ela já está na guerra há muito tempo, apesar da idade, e não parece estar disposta a desistir desse conflito, buscando sempre uma sociedade com mais respeito.
não entendi nada da resposta sobre o texto