• Matéria: Sociologia
  • Autor: Anônimo
  • Perguntado 8 anos atrás

Qual a expressão cultural sobre os funkeiros?

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respondido por: IngMel
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O funk está ligado à banalização do crime e à vulgaridade. […]

Funk não é cultura da favela. É cultura dos bandidos. Os que moram na favela não consideram os traficantes como heróis, como o funk canta. Não odeiam policiais como o funk canta. Respeitam mulheres e crianças. Enfim, o funk não representa o pobre. Defender o funk é defender que o morador da favela continue refém do tráfico.

Tomo o partido do deputado, apesar de compreender – mas não concordar com – os pontos do editorial. A grande falácia que identifico é a seguinte: parte-se de uma premissa verdadeira – outros ritmos começaram subversivos, atacados com base em argumentos parecidos – e chega-se a uma conclusão equivocada – tudo que é subversivo hoje pode virar cultura legítima amanhã.

O mesmo fenômeno se observa nas artes. A arte abstrata veio desafiar a clássica, muita coisa que era rotulada como subversiva ou feia caiu no gosto popular depois, e talentos foram reconhecidos enquanto antes havia apenas desconfiança. A arte contemporânea marcou seu lugar na história da arte.

Daí se passou para algo totalmente sem sentido, absurdo até: qualquer coisa que choca hoje, que é vista como ruim, terá o status de arte amanhã. Na verdade, quanto mais chocante e horrorosa uma “obra de arte” para os padrões atuais, maior é a probabilidade de ela ser tida como incrível no futuro. Chegamos, assim, ao cocô como “arte”.

Esse é um fenômeno da modernidade, em que o relativismo estético e moral chegou ao seu ápice. Na “marcha dos oprimidos”, tudo que é visto como ruim, mas feito por “minorias”, precisa ser aceito, aplaudido, elogiado. Caso contrário é puro preconceito da elite. Quebrar todos os tabus da moralidade burguesa é a coisa mais fantástica do mundo.

Não dá para engolir isso. Portanto, mesmo entendendo que o alerta feito pelo jornal é válido, lembrando que algumas coisas antes consideradas nefastas se tornaram aceitas e até louváveis do ponto de vista cultural, fico do lado do deputado: o funk, em linhas gerais, é podre, pura apologia ao que não presta, de uma pobreza artística ímpar. Não dá para colocar a nona sinfonia de Beethoven ao lado de uma típica música de funk e simplesmente dizer que “tudo é arte”, pois dessa forma nada é arte.

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