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Motivo
Neste poema, o eu lírico trata do significado do fazer poético.
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
MEIRELES, Cecília. Viagem.
In: Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1991. p. 228.
1 - Poema "Motivo" se inicia com verso" Eu canto porque o instante existe."
A) Qual o canto a que se refere o poema?
B) Para o eu lirico, o que motiva o seu canto?
2 - O poema Motivo" é constituido, em grande parte, de antiteses
A) Identifique as antiteses do poema?
B) A quem elas se referem?
C) Como o eu lirico vê a si mesmo em sua experiência do poeta?
D) Qual a importância dessas antiteses no processo de criação poética?
3 - Há, no poema "motivo", referencia a enfermidade do tempo, tema frequente na poesia de tradição clássica.
A) Para o eu lirico, se a materia é efemera, então o que é eterno? Justifique sua resposta com um verso do poema.
B) Identifique uma referência a esse tema
Respostas
1.
a) O poema se refere ao canto poético, à própria poesia.
b) O que motiva o canto do eu-lírico é o instante. No caso, o instante é o presente, a vida.
2.
a) As antíteses são: alegre/triste, noites/dias, gozo/tormento, desmorono/edifico, permaneço/desfaço, fico/passo.
b) Todas essas antíteses se referem ao próprio eu-lírico.
c) O eu-lírico se vê contraditório, imprevisível e indefinível, visto as antíteses que o caracterizam e a sua indefinição quanto ao fazer poético ("não sei, não sei. Não sei se fico ou passo"). Ele não se enquadra em nenhum conceito poético.
d) As antíteses são importantes para revelar a contradição e a imprevisibilidade do eu-lírico, características usadas para uma criação poética totalmente livre de padrões.
3.
a) Para o eu-lírico, o que é eterno é a poesia. O seguinte verso comprova isso: "Tem sangue eterno a asa ritmada".
b) Uma referência à efemeridade do tempo está presente no verso: "E um dia sei que estarei mudo".