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Inaugurando a onda de protestos de sua época, o movimento negro inspirou muitos dos movimentos sociais que ocorreram nos Estados Unidos a partir da década de 60. Vivendo em uma sociedade que tinha suas bases fundadas num sistema de segregação formal e informal, um cotidiano de linchamentos e violência policial e sofrendo discriminação no emprego, na educação e nos serviços públicos, os negros iniciaram um movimento em busca de direitos políticos, sociais e econômicos. Formado em grande parte por jovens, este movimento atacou os alicerces da sociedade norte-americana através de inúmeros protestos e atos de rebeldia.
Fundamentado em lideranças individuais e coletivas, o movimento negro atuou no Norte e no Sul, na cidade e no campo, envolveu homens e mulheres e teve diversas fases e vertentes. Se inicialmente, os grupos lutaram contra discriminações em aspectos específicos, como o CORE (Congresso da Igualdade Racial) com suas “viagens da liberdade”, em 1961, para acabar com a discriminação nos meios de transporte e o SNCC (Comitê Sulista de Coordenação Não Violenta) com o “Verão da Liberdade”, em 1964, para ajudar negros sulistas a tirar um título eleitoral, com o passar dos anos e o sucesso de algumas dessas medidas, os movimentos passaram a ter um caráter de luta geral, contra toda e qualquer discriminação contra os negros.
Líderes como Martin Luther King, Malcolm X e grupos como os Panteras Negras, tiveram diferentes estratégias de ação. Enquanto Luther King tinha uma política fortemente moral e religiosa que apelava para a retórica americana do valor da liberdade e a justiça social bíblica, baseada na não violência e na desobediência civil, Malcolm X apelava para o nacionalismo negro, e os Panteras Negras para o seu direito de auto defesa. A cada novo protesto ou movimento que surgia, a repressão por parte da polícia e de parte da comunidade branca se dava de maneira muito violenta: militantes eram atacados, espancados e presos; igrejas negras sofriam atentados e ativistas eram assassinados.
Estes eventos tiveram ampla cobertura da mídia e, diversas vezes, foram utilizados e divulgados em rede nacional. A cobertura desses eventos chocou a nação e teve grande impacto na sociedade a favor dos negros. Com a generalização dos protestos, que passaram a ter nível nacional, jovens negros invadindo cinemas, freqüentando escolas, cafeterias e outras áreas reservadas para brancos, além das rebeliões urbanas e do mal estar causado na sociedade com a divulgação destes eventos, o governo foi forçado a agir.
Entre 1964 e 1967, o presidente Lyndon Johnson estabeleceu uma série de atos legislativos que proibiam aos poucos a discriminação contra os negros. Apesar da segregação formal ter acabado, os negros continuaram vítimas de exclusão, principalmente econômica, o que fez com que seus protestos perdurassem por, pelo menos, mais uma década. O Hip Hop, surgido no fim da década de 1970, é mais um exemplo da resistência negra e da afirmação de sua cultura.
Criado por jovens negros para protestar contra a violência, a discriminação e a desigualdade social a que estavam submetidos, este movimento tem ecos até hoje em nossa sociedade. Com suas letras criadas pelos MC´s, a mixagem do som sob a responsabilidade do DJ, o Break, com seu gingado particular e o Grafitti marcando os muros das cidades, o Hip Hop é uma das mais fortes expressões da cultura jovem negra em todo o mundo.
Temos como exemplo desta nova fase a Marcha de Washington, em 28 de agosto de 1963, que exigia não só direitos políticos, mas também emprego e liberdade, social, cultural e política. As organizações de luta pelos direitos dos negros utilizavam uma “cultura de protesto”, que se servia de canções, comícios e práticas de solidariedade para criar comunidades coesas e diminuir o medo da repressão branca. Neste contexto, diversos negros, principalmente os mais jovens, passam a buscar na cultura africana um traço de identidade, criando para a sua comunidade hábitos, ritmos, e maneiras próprias de pensar e se vestir.