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Dom Pedro II foi imperador do Brasil por quase 50 anos. Seu legado permanece apagado para a maioria do povo brasileiro. Conhecer o reinado de Pedro II é fundamental para entender porque somos um país com dimensões continentais, unido com todas as suas diversidades regionais. O que hoje nos parece natural foi conseguido com o suor de muitos, a liderança e o exemplo de amor à pátria de um homem que encarnou a missão de construir o Brasil como um Estado nacional independente.
D. Pedro foi deposto pelo golpe republicano de 1889 e recebeu ordens de deixar o país em 24 horas. Entregou com serenidade sua posição, dizendo: “Pois, se tudo está perdido, haja calma. Eu não tenho medo do infortúnio”.
O imperador, simpático à ideia republicana, enxergou o fim do regime monárquico e não desejou lutar por ele, mesmo sendo querido pelo povo. Aceitou o fato e, na companhia da família real, partiu para o exílio sem um tostão, passando a viver na Europa com a ajuda de amigos.
Pedro II professou seu amor pelo Brasil ao longo de toda a vida e seu legado de realizações é o maior testemunho deste afeto que contribuiu para a formação da nossa identidade nacional.
Em 1840, aos 15 anos, aceitou assumir o poder e, para isto, teve a sua maioridade decretada. Sua ascensão foi decisiva para impedir que o país se partisse em vários como na América hispânica. No seu reinado, o país venceu a luta contra a escravidão que, segundo ele, era “uma terrível maldição sobre qualquer nação, mas ela deve, e irá, desaparecer entre nós”.
Entretanto, apesar da grandiosidade destes feitos, garantir a unidade nacional e libertar o país da mancha da escravidão não foram suas únicas realizações. Na verdade, Pedro II, com a força do poder moderador, buscou engajar o Brasil num processo civilizatório com forte cunho humanitário, criando os alicerces de uma nação independente, onde a conduta ética, a honestidade e a liberdade de expressão fossem os valores mais respeitados.
Na base deste processo, estavam ainda a promoção da educação e da cultura, o incentivo à modernização industrial e à inovação tecnológica, a estabilidade política e o respeito à cidadania.
Não é por acaso que essa mesma República escorrega fragorosamente na hora de compor a nova bandeira do país. Embora mantendo o verde e o amarelo, os republicanos incluíram nela o círculo azul estrelado com o lema positivista, “Amor por princípio e Ordem por base, Progresso por fim”, suprimindo a palavra Amor! Ora, por que o amor à pátria tinha que ser retirado? A nascente república, que acabara de expulsar do país o Imperador que tanto amava o Brasil, não consegue assumir seu projeto político. Deixamos de ser o “Império do Brazil” e passamos a ser os “Estados Unidos do Brasil”.
As excelentes obras de José Murilo Carvalho (D. Pedro II), Lilia Moritz Schwarcz (As Barbas do Imperador), Mary del Priori (Condessa de Barral), Roderick Barman (Imperador Cidadão) publicadas, recentemente, traçam um quadro realista e aprofundado da vida de D. Pedro II .
O leitor interessado irá encontrar nestas leituras toda a trajetória do imperador, pública e pessoal. Nosso intuito é, justamente, estimulá-las, com a certeza de que contribuirão para que as novas gerações possam se orgulhar da pátria onde nasceram.
Quem assistiu ao filme “Lincoln” viu o presidente norte-americano retratado como símbolo de uma nação que lutou e venceu sua divisão e a escravidão. Lincoln está merecidamente no pedestal dos heróis americanos; ele faz parte da identidade dos EUA. D.Pedro II, contemporâneo dele, foi propositalmente esquecido e mesmo seu corpo só foi autorizado a regressar ao solo natal em 1921, 30 anos depois de sua morte em Paris.
Hoje, o desafio do Brasil é caminhar para o novo paradigma civilizatório da sustentabilidade, vencer a corrupção e a injustiça e reencontrar sua identidade para cumprir sua missão no cenário das nações planetárias.
Mais de cem anos depois de seu reinado, D.Pedro II continua sendo uma fonte de inspiração para todos os brasileiros e uma lição viva de que o país pode sonhar com um futuro de justiça, paz e prosperidade. Urge conhecê-lo!
D. Pedro II e a educação
O monarca nutria um profundo interesse pelas questões relacionadas à educação, especialmente a educação pública. Na última Fala do Trono, de 3 de maio de 1889, retomou a questão sob o viés institucional, propondo a criação do Sistema Nacional de Instrução. Além disso, são várias as falas em que se envolve com a questão, como ressalta Lilia Moritz Schwarcz.
Liberdade de imprensa
Pedro II apresentava-se nas reuniões ministeriais sempre mais informado que os ministros. Sabia de tudo o que se passava por meio da imprensa, da qual era intransigente defensor. Esta mesma imprensa, muitas vezes, o criticou duramente em artigos e charges. Mas o imperador dizia que “a imprensa combate a imprensa” e via nisso uma forma de es