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A economia chinesa é atualmente a que mais avança em todo o mundo, registrando crescimentos sucessivos em seu Produto Interno Bruto (PIB) em uma média de 9% ao ano. Assim, no início do século XXI, a China tornou-se a segunda maior potência econômica do planeta, superando rapidamente países como Japão, Reino Unido, Alemanha e aproximando-se dos Estados Unidos. Essa configuração reservou uma grande atenção para o modelo chinês de crescimento econômico.
A China é, sem dúvidas, o maior exemplo de que crescimento econômico não representa desenvolvimento social. Apesar de registrar as maiores taxas de variação no PIB, a distribuição de suas riquezas, bem como a melhoria das condições de vida da maior parte da população ainda são problemas, embora os chineses também tenham demonstrado avanços nesse sentido, principalmente para transformar a sua população em um amplo mercado consumidor.
O grande motor da economia chinesa encontra-se diretamente ligado aos fatos políticos que marcaram o país na década de 1970, quando Deng Xiao Ping assumiu o poder e promoveu uma ampla abertura de mercado no país, com a instalação de empresas estrangeiras, que viram no mercado chinês uma grande oportunidade de negócios. Até então, o país adotava o modelo maoísta, em que predominava a propriedade estatal e a dura intervenção e controle do Partido Comunista Chinês (PCC).
O modelo chinês pautou-se na adoção de uma prática econômica denominada Joint Venture, em que as empresas estrangeiras que desejassem se instalar no país deveriam necessariamente se associar a uma empresa local, geralmente uma estatal. Com isso, o governo conseguia que pelo menos uma parte do capital estrangeiro se mantivesse no país. Além disso, as multinacionais deveriam instalar as suas fábricas em territórios específicos, previamente determinados em uma legislação específica, nas chamadas ZEE's (Zonas Econômicas Especiais). Apesar dessas exigências, a China, ao final da década de 1990, tornou-se o maior receptor de investimentos estrangeiros em todo o mundo.
Mas por qual motivo as empresas multinacionais investem no mercado chinês, mesmo com tantas imposições do governo?
Por uma série de vantagens que a economia chinesa oferece, a saber:
a) mão de obra barata e abundante: por ser o país com a maior população do mundo, a China possui um dos maiores mercados de reserva, isto é, uma enorme quantidade de trabalhadores em busca de emprego. Com isso, a tendência é que os salários se mantenham baixos, o que aumenta a geração de lucro por parte dos donos dos meios de produção. Para se ter uma ideia, um trabalhador da China recebe quatro vezes menos do que um no Brasil, seis vezes menos que um no México e vinte vezes menos do que um nos Estados Unidos.
b) baixos impostos: os impostos na China representam, em média, 17% da arrecadação das empresas. No Brasil, por exemplo, esse valor é de 36%.
c) abundância e fácil acesso em matérias-primas: o território chinês apresenta valiosas reservas minerais dos mais diversos tipos, como carvão mineral, manganês, urânio, zinco e tungstênio. Além disso, a produção de produtos primários, usados na produção, também é acentuada, o que garante o bom funcionamento das indústrias estrangeiras que se instalam no país.
d) amplo mercado consumidor: apesar da ampla abertura de mercado e da rápida adoção do modelo ocidental de consumismo, a China ainda é considerada como um mercado a ser explorado. Isso porque boa parte de sua população não tem acesso a padrões mínimos de consumo, o que deve se alterar nos próximos anos, dando poder de compra a milhões e milhões de chineses. Com isso, o país se torna uma verdadeira “mina de ouro” para produtores industriais dos mais diversos setores, principalmente nas áreas tecnológicas e de alimentos.
e) facilidade no escoamento e exportação da produção: sabe-se que geralmente as empresas estrangeiras, ao se instalarem em um país subdesenvolvido, concentram nele apenas a montagem da sua produção. Assim, a tecnologia em si é realizada em outros países e apenas a junção das peças de um dado produto é realizada no local onde se investe. São as chamadas “maquiladoras”. Na China, esse processo torna-se facilitado pelo fato de a maioria das zonas de investimentos oferecidas pelo governo concentrar-se no litoral do país, o que facilita o escoamento da produção para as demais regiões e mercados consumidores do mundo.
Por esses fatores, é possível observar que o modelo chinês não apresenta, nem de longe, uma organização socialista. Isso porque ele se sustenta a partir do princípio máximo do capitalismo: a geração de lucro a partir da exploração dos trabalhadores. Geralmente, utiliza-se a expressão “economia socialista de mercado” para se referir aos chineses, de modo que o “socialista” refere-se ao plano político com apenas um partido (o PCC) e “mercado” para se referir ao plano econômico.
A China caracteriza-se como uma “economia socialista de mercado”, ou seja, um sistema político estatal controlado pelos líderes do Partido Comunista, os quais assumem a posição de defensores dos interesses da nação e, ao mesmo tempo, exercem práticas capitalistas de mercado.