Respostas
Quando uma sociedade está pautada em valores morais e éticos, e as suas ações se voltam para a coletividade em detrimento dos interesses individuais, cria-se de imediato uma verdadeira estratégia de prevenção a atos de corrupção. Trabalhar o problema na raiz traz resultados mais eficazes do que esperar acontecer a tragédia para agir. Combater é muito mais difícil do que prevenir. Daí faz-se necessário anunciar a ausência, ou melhor, a quase inexistência em nossa sociedade de uma ética inserida na concretude dos fatos, revelando o quanto a sociedade é vazia deste valor. Afinal, onde estão os valores morais e éticos?
Escutamos sempre a alegação: “este negócio de ética cada um tem a sua”. Porém, imaginar que cada um tem a sua e que o grupo não deve tê-la é algo impensável. Ora, o ideal seria cada indivíduo se comportar de acordo com a ética do grupo, concluindo que princípios éticos estabelecidos pela maioria devem prevalecer sobre as posições individuais. E como diferenciar a ética como moral pensada da ética enquanto moral vivida?
A ética preocupa-se com o comportamento moral dos homens em sociedade. A moral vivida seria o conjunto de normas, regras ou princípios que regulamentam as relações sociais. Pode-se distinguir, por conseguinte, problemas éticos e problemas morais. Os recentes acontecimentos no país, em particular o comportamento de alguns representantes políticos, nutrem no cidadão uma espécie de indignação ética. Todavia, não são fatos novos nem na história brasileira nem na história do mundo.
Como avaliar concretamente o cidadão que repugna os atos de corrupção mas age no seu dia a dia com condutas amorais? Como exigir do outro aquilo que não se exige de si mesmo? O funcionário público que não cumpre as suas obrigações está incorrendo numa falha disciplinar ou ética? E quando ele aceita uma propina, é apenas um desvio ético? O professor da escola pública que falta à aula ou chega atrasado comete somente uma falta disciplinar ou um ato de corrupção?
Essas questões levantadas não possuem uniformidade de entendimento. O fato mais relevante é demonstrar a necessidade de se educar o cidadão brasileiro desde a infância com princípios éticos e morais que devem nortear a vida em sociedade. Por mais que o combate à corrupção seja importante, é imprescindível difundir a cultura da prevenção nos lares, escolas, administração pública ou privada. A saída mais ética será sempre prevenir do que remediar.