Explique com base nessa declaração o que aconteceu com as sociedades africanas após a introdução das plantations em seu território no período da colonização
Respostas
O plantation é um sistema de produção agrícola baseado em alguns princípios básicos: monocultura (a produção de apenas um tipo de gênero), exportadora (para gerar lucros), em latifúndios (fomentando a acumulação de terras nas mãos de poucas pessoas). A prática foi estimulada pelas potências europeias em seus processos de dominação ao redor do globo, tendo sido efetivada na África, Ásia e Américas. Como resultado tivemos o empobrecimento do solo, causado pela grande exploração, a redução das áreas cultiváveis para gêneros de subsistência e o empobrecimento da população que, cada vez mais , ficou sem acesso a terras.
Abraços!
O estudo do processo de escravização dos povos africanos é essencial para que se compreenda a história atual de desigualdade no planeta. Revela uma longa história de exploração e subjugação de populações fragilizadas por outras, mais equipadas. Demonstra também que a desestruturação econômica e cultural tem efeitos desastrosos de longa duração.
Do ponto de vista econômico, a escravidão foi uma forma eficiente de acumulação primitiva. No que diz respeito às pessoas, foi uma violência irreparável, que pressupõe, dentre outros fatores, a existência de povos muito pobres, mão de obra excedente que possa ser explorada em benefício de uma minoria. Assim, parte do atual contexto socioeconômico da África de miséria e exclusão é consequência de fatos passados.
Escravidão na África: uma antiga forma de exploração
Principais rotas de escravos no fim da Idade Média
A escravidão esteve presente no continente africano muito antes do início do comércio de escravos com europeus na costa atlântica.[1]
Desde por volta de 700, "prisioneiros capturados nas guerras santas que expandiram o Islã da Arábia pelo norte da África e através da região do Golfo Pérsico" eram vendidos e usados como escravos. Durante os três impérios medievais do norte da África (séculos X a XV), o comércio de escravos foi largamente praticado.[2]
Lovejoy apresenta o conceito de modo de produção escravista (de E. Terray) como fundamental para uma compreensão mais completa do funcionamento político, econômico e social da África[3] - e também das colônias portuguesas nas Américas. Segundo sua definição, o modo de produção baseado na escravidão é aquele em que predominam a mão de obra escrava em setores essenciais da economia; a condição de escravo no mais baixo nível da hierarquia social; e a consolidação de uma infraestrutura política e comercial que garanta a manutenção desse tipo de exploração.[3]
Hoje, a escravidão nos choca sob qualquer forma que ela se apresente, todavia, a escravidão africana divergiu profundamente de escravidão racista nas Américas. Por exemplo, a Carta de Curucã Fuga, a Constituição do Império do Mali veementemente proíbe maus-tratos ao escravo em seu artigo 20.[4] Além disso, muitos dos povos africanos adotaram o Islã que, por sua vez, prescreve aos religiosos tratar os escravos “generosamente” (ihsan) (IV, 36) e considera a alforria como um gesto merecedor e uma obra de beneficência (II, 117; XC, 13).[5]
Muitos escravos puderam, assim, alcançar posições de poder e influência. No Egito temos o exemplo de Abul Misque Cafur, originalmente escravo de origem etíope que se tornou regente do Egito.[6] Em Marrocos, destaca-se o político Ibn Marjan (d. 1728), um eunuco negro encarregado da tesouraria, bem como dos servos negros no palácio durante a vida do Mulai Ismail.[7]