• Matéria: Geografia
  • Autor: ThaysEvelyn
  • Perguntado 8 anos atrás

Fator histórico relacionado ao conflito da Irlanda do norte

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respondido por: janinepereira
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conflito da Irlanda do Norte tem suas raízes na dominação britânica da ilha da Irlanda. Tudo começa no ano de 1800, com o Act of Union (em inglês, ato de união ou unificação), posto em prática em 1 de janeiro de 1801, e que unificou os reinos da Grã-Bretanha e Irlanda, dando origem ao Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, entidade dominada na prática pelos ingleses, e que foi a grande potência econômica, militar e cultural durante toda a sua existência.

Apesar da preponderância do país no campo econômico, especialmente por ser o principal propulsor das duas fases da Revolução Industrial, o domínio britânico não trouxe melhoras substanciais à população irlandesa, uma das mais pobres da Europa na época. Crises alimentares durante a metade do século XIX eram comuns, o que provocava a emigração em massa dos locais, especialmente para os Estados Unidos e Austrália. Outro fator que tornava a convivência turbulenta era a diferença religiosa: a Irlanda é uma nação historicamente de forte influência católica, enquanto que os ingleses seguem a corrente anglicana, originada de um cisma entre o monarca inglês e Roma.

Ao fim do século XIX, crescia o movimento pelo "Home Rule", ou seja, o direito da Irlanda dentro da união de ter seu próprio parlamento e ter jurisdição plena sob assuntos internos. Este é conquistado poucas semanas depois do início da Primeira guerra mundial, em 1914.

O descontentamento com a união, porém, não cessa, e logo a Irlanda luta pela independência, conquistada em 1922 por meio de um conflito armado iniciado em 1919.

Assim era criado o Estado Livre da Irlanda, por meio do Tratado anglo-irlandês de 1921. Este previa, porém, que cada um dos 32 condados do novo país podiam exercer o livre direito de permanecerem unidos à Grâ-Bretanha. Foi exatamente o que aconteceu com seis destes condados, equivalentes à região da Irlanda chamada de Ulster (nordeste da ilha), onde parte significativa da população era protestante e tinha muito mais afinidade com os britânicos do que o restante dos irlandeses. O resultado foi que o Ulster (com capital em Belfast) seguiu ligado à Grã-Bretanha, situação que se mantém até hoje.

A Irlanda do norte segue como uma das regiões mais pobres dentro da Grâ-Bretanha, situação agravada pela divisão da população, que utiliza a religião como divisor fundamental: do lado católico estão agrupados todos os que reivindicam a união do Ulster com a República da Irlanda, em especial o famoso movimento independentista Sinn Féin, e seu braço armado, o IRA (Exército Republicano Irlandês); do outro lado estão os unionistas ou orangistas, de orientação protestante e que lutam para preservar o status quo.

O conflito no Ulster é um exemplo clássico de que no mundo ocidental, de religião cristã há também conflitos fomentados pelo fundamentalismo religioso, utilizado ao mesmo tempo para sustentar bandeiras político-ideológicas. Ao longo dos anos, as mortes por repressão das autoridades britânicas, além do choque entre os dois grupos contrários causaram grande número de mortes, especialmente a partir da década de 70 do século XX, quando a Grâ-Bretanha começou a experimentar um declínio econômico social que alimentou as diferenças na região. Para tornar a situação pior, as autoridades britânicas foram acusadas por décadas de favorecer os irlandeses protestantes, dando importantes postos administrativos aos mesmos e favorecendo economicamente tal comunidade.

Entre os episódios mais infames de violência na região está o chamado "Bloody Sunday" (Domingo Sangrento) de 30 de janeiro de 1972, onde 13 civis foram mortos pela ação repressiva da polícia britânica. Os mortos faziam parte de uma passeata organizada pela Northern Ireland Civil Rights Associatio, que lutava por direitos iguais entre católicos e protestantes na região. Há muito se denunciava a forma discriminatória como as autoridades britânicas tratavam os católicos e era contra tal atitude abusiva que foi realizada a passeata. O trágico acontecimento foi imortalizado pela banda irlandesa U2 na canção "Bloody Sunday".

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