• Matéria: Português
  • Autor: stephdoordiep0gkfd
  • Perguntado 8 anos atrás

Leia o texto de Drauzio Varella para responder às questões de números 01 a 12. Passei dois anos escrevendo o livro que acabo de terminar. A tarefa não foi realizada em tempo integral, mas nos momentos livres que ainda me restam. Há escritores que precisam de silêncio, solidão e ambiente adequado para a prática do ofício. Se fosse esperar por essas condições, teria demorado 20 anos para publicá-lo, tempo de vida de que não disponho, infelizmente. Por força da necessidade, aprendi a escrever em qualquer lugar em que haja espaço para sentar com o computador. Por exemplo, nas salas de embarque durante as viagens de bate e volta que sou obrigado a fazer. Consigo me concentrar apesar das vozes esganiçadas que anunciam os voos, os atrasos, as trocas de portões, a ordem nas filas, os nomes dos retardatários. Mal o avião levanta voo, puxo a mesinha e abro o computador. Estou nas nuvens, às portas do paraíso celestial. O telefone não vai tocar, ninguém me cobrará o texto que prometi, a presença na palestra para a qual fui convidado, os e-mails atrasados. Minha carreira de escritor começou com “Estação Carandiru”, publicado quando eu tinha 56 anos. Foi tão grande o prazer de contar aquelas histórias, que senti ódio de mim mesmo por ter vivido meio século sem escrever livros. A dificuldade vinha da timidez e da autocrítica. Para mim, o que eu escrevesse seria fatalmente comparado com Machado de Assis, Gógol, Faulkner, Joyce, Pushkin, Turgenev ou Dante Alighieri. Depois do que disseram esses e outros gênios, que livro valeria a pena ser escrito? A resposta encontrei em “On Writing”, livro que reúne entrevistas e textos de Ernest Hemingway sobre o ato de escrever. Em conversa com um estudante, Hemingway diz que, ao escritor de nossos tempos, cabem duas alternativas: escrever melhor do que os grandes mestres já falecidos ou contar histórias que nunca foram contadas. De fato, se eu escrevesse melhor do que Machado de Assis, poderia recriar personagens como Dom Casmurro ou descrever com mais poesia o olhar de ressaca de Capitu. Restava a outra alternativa: a vida numa cadeia com mais de 7.000 presidiários, na cidade de São Paulo, nas últimas décadas do século 20, não poderia ser descrita por Tchékhov, Homero ou pelo padre Antonio Vieira. O médico que atendia pacientes no Carandiru havia dez anos era quem reunia as condições para fazê-lo. Seguindo o mesmo critério, publiquei outros livros. Às cotoveladas, a literatura abriu espaço em minha agenda. Há escritores talentosos que se queixam dos tormentos e da angústia inerentes ao processo de criação. Não é o meu caso, escrever só me traz alegria. Diante da tela do computador, fico atrás das palavras, encontro algumas, apago outras, corrijo, leio e releio até sentir que o texto está pronto. Às vezes, ficou melhor do que eu imaginava. Nesse momento sou invadido por uma sensação de felicidade plena que vai e volta por vários dias. (www.folha.uol.com.br, 13.05.2017. Adaptado)

01. Em seu texto, o autor fala
(A) da dificuldade em publicar o novo livro.
(B) de seus planos para o futuro.
(C) da linguagem usada em seus textos.
(D) de seu prazer em escrever.
(E) do assunto de seu último livro.

02. Após ler o livro que reúne entrevistas e textos de Ernest Hemingway sobre o ato de escrever, o autor Drauzio Varella

(A) convenceu-se de que era capaz de escrever tão bem quanto seus autores preferidos.
(B) resolveu escrever um livro sobre uma história que só cabia a ele contar. (C)propôs-se a desenvolver uma escrita tão boa quanto a de Machado de Assis. (D) procurou reproduzir os estilos de Tchékhov, Homero e padre Antônio Vieira. (E) dedicou-se a treinar a escrita continuamente até que chegou à perfeição.

03. Ao referir-se à maneira como escreve, o autor demonstra ter
(A) autocrítica excessiva, que o impede de ficar plenamente satisfeito com seus textos.
(B) interesse em tratar de assuntos que não se relacionem com o exercício da medicina.
(C) necessidade de um espaço tranquilo e reservado para desenvolver suas histórias.
(D) determinação em adaptar as obras dos mestres da literatura para a realidade atual. (E) facilidade para se concentrar, mesmo em ambientes barulhentos ou movimentados.

Respostas

respondido por: Tamiresmartinsf
15
1)
(D) de seu prazer em escrever.
Perguntas similares