Leia com atenção o texto abaixo de autoria do sociólogo alemão Ralf Dahrendorf:
A sociologia e a obra de Marx
“A relação de sucessivas gerações com a sociedade de classes foi determinada, assim pensa Geiger, até o dia de hoje pela doutrina de Marx. Lipset e Bendix são de opinião contrária: “O estudo das classes sociais sofreu no passado pela propensão dos cientistas sociais a reagir contra a influência de Karl Marx”. É provável que existam elementos de verdade em ambas as afirmações. A discussão nas ciências sociais tem estado, já por um tempo demasiado longo, dominado seja por tentativas de rejeitar por inteiro a doutrina de Marx, seja no sentido de sustentá-la sem qualificações. Implicitamente, se não explicitamente, essas tentativas ficaram expostas a controvérsias infindáveis a respeito do que Marx realmente quis dizer.
Não é difícil perceber por que isso aconteceu. Em primeiro lugar, existem a atração ou a repulsa política, conforme seja o caso, pelo trabalho de Marx; há também a promessa profética de suas previsões; e, sobretudo, existe o que Schumpeter denominou a “síntese imponente” da doutrina de Marx. “Nossa época se revolta contra a necessidade inexorável da especialização e por isso anseia por uma síntese, mais em tudo nas ciências sociais, em que o elemento não profissional é tão importante. Mas, acrescenta Schumpeter, com igual exatidão, nesse ponto, “o sistema de Marx ilustra bem o fato de que, embora a síntese possa significar uma nova luz, pode representar novos grilhões”. [...]
Ignorar Marx é conveniente, mas também é ingênuo e irresponsável. Nenhum físico – se me perdoam a analogia – ignoraria Einstein por não aprovar sua atitude política ou alguns aspectos de sua teoria. Aceitar Marx pode ser prova de fidelidade exemplar, mais cientificamente, é estéril e perigoso. Nenhum físico deixaria de atacar Einstein apenas pela circunstância de ser um apreciador do homem e de sua obra como um todo. Iniciamos nossa pesquisa por um exame do trabalho de Marx porque sua formulação da teoria de classes é não só a primeira, mas também, como sabemos agora, a única em gênero. Hoje, essa teoria foi refutada, mas não superada. ” (DAHRENDORF, 1982 apud COSTA, Cristina. Sociologia – Introdução a ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2005).
De acordo com a leitura do texto, qual(is) sentença(s) expressa(m) a posição do autor em relação à obra de Karl Marx?
I) Segundo o autor, a obra de Marx é um instrumento útil e único a sociedade, e seria um erro desconsiderá-la, pois devemos levá-la ao pé da letra, ou seja, aplicar suas teorias na construção de uma sociedade mais igualitária.
II) Segundo o autor, a obra de Marx ainda é um instrumento de análise útil e único, sendo portanto, um erro desconsiderá-lo e não estudá-lo. Por outro lado, segui-lo ao pé da letra é cometer o erro pelo oposto, não enxergando onde a teoria não responde mais a realidade.
III) Segundo o autor, a obra de Marx ainda é um instrumento de análise útil, entretanto está ultrapassada, não devendo ser levada em consideração.
Escolha uma:
a. Apenas a II
b. Apenas a I
c. Nenhuma das alternativas
d. Apenas a I e III
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resposta cera letra a.
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