• Matéria: Português
  • Autor: mauricionunes2973
  • Perguntado 8 anos atrás

[...] Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, [...] caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.
(CUNHA, Euclides da. Os sertões. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. v. E, p. 513. (Fragmento).

Já Olavo Bilac, escrevendo sobre o mesmo episódio, comemorava: Enfim, arrasada a cidadela maldita! Enfim, dominado o antro negro, cavado no centro do adusto sertão, onde o Profeta das longas barbas sujas concentrava sua força diabólica, feita de fé e de patifaria, alimentada pela superstição e pela rapinagem! [...]
(BILAC, Olavo. Cidadela maldita. In: Vossa insolência: crônicas. São Paulo: Companhia das Letras. 1996. p. *J1E. (Fragmento).

1. Que visão cada trecho manifesta sobre o episódio?
2. Transcreva no caderno as expressões utilizadas por Olavo Bilac em seu texto para caracterizar a vila de Canudos e Antônio Conselheiro. ► Que juízo de valor está associado a elas? Explique.
3. O que pode explicar duas visões tão diferentes a respeito de um mesmo acontecimento histórico?
4. Os dois textos citados circularam em jornais da época. Que repercussão a apresentação de duas visões tão distintas pode ter tido sobre os leitores da época? Os dois textos podem ter contribuído para a polarização de opiniões da população a respeito do conflito? Explique.

Respostas

respondido por: BiaBomfim
393
Olá,

1)    A visão do trecho 1 é a do vislumbre da derrota heróica, que mesmo com a derrota eminente, o povo de Canudos não se rende.

Já a do trecho 2, Olávo Bilac comemora, finalmente, de acordo com sua concepção, venceu a racionalidade à crendice popular.

 

2)    Ele a chama de cidadela maldita, em sua visão, a cidade é a sede do antro negro, vindo do sertão, já que era a sede do movimento de canudos, a qual ele era criado.

           

3)    A região do nordeste sempre sofreu com as secas e falta de fertilidade do solo, Antonio Conselheiro propôs um movimento de migração para Canudos. Na época, ele exerceu forte influência nos moradores da região. O povo de Canudos acreditava nesta visão, e permaneceu em sua terra até a chegada dos soldados, e é a partir deste ponto de vista que se tem o primeiro relato.

 

Já o segundo relato retrata a alegria de um opositor ao movimento, ao perceber que o mesmo não teria continuidade.

 

4)    Com certeza as opiniões sobre o assunto foram polarizadas, de acordo com a realidade e ambiente em que cada pessoa convive. Além de que muitas delas, provavelmente, só teriam a oportunidade de colher informações de poucas fontes, dificultando o entendimento do outro lado da questão.

respondido por: teka1912
67

1) R= O primeiro trecho chama a atenção para o desequilíbrio entre as forças do governo e do conselheiro .Como testemunha ocular dos fatos, Euclides constata o massacre promovido pelas tropas republicanas contra os fiéis.E seu texto revela, por isso , que a sua visão sobre canudos e seus moradores é positiva:a cidade e aqueles que a defendiam não se renderam diante da violência da ação do inimigo.O segundo trecho deixa claro a visão negativa que Bilac tem sobre os eventos de canudos e sobre Antônio conselheiro.O autor, ao contrário de Euclides, reproduz o "discurso oficial " do governo brasileiro, para quem os seguidores do beato eram uma gorda de fanático que desejavam destruir a ordem nacional .

2)R= Olavo Bilac caracteriza canudos como uma cidadela maldita, um antro negro; conselheiro é um profeta de barbas sejas,de forças diabólica feita de fé e de patifaria, alimentada pela rapinagem.

>O uso dessas expressões, revela que bilac vê Antônio conselheiro e a luta Travada em canudos como algo o ser destruída.Na sua visão,o boato era um ser diabólico e patife que se alimentava da fé de seus seguidores. Tanto conselheiro quanto seus seguidores são vistos por bilac como fanáticos repletos de superstição que ameaçavam o governo e que, por isso, deveriam ser contida a qualquer custo.

3)R= A interpretação da história, seja ela literária ou não está sempre vinculada à perspectiva ideológica de quem a realiza.É exatamente isso que explica visões tão diferentes sobre o mesmo acontecimento histórico.

4)R= Com a publicação de dois textos com visões tão distintas sobre o conflito e seus integrantes deve ter surtida efeito sobre os leitores dos jornais da época.É de se imaginar que alguns tenham gostado do texto de Euclides e simpatizado com os conselheirista e sua luta, e que outros tenham partilhado da visão de bilac e concordoda com o discurso oficial. Provavelmente a visão apresentada em cada um dos textos publicados deveria representar a polarização da opinião pública a respeito do conflito como acontece ainda hoje quando há a manifestação de posturas opostas a respeito de alguma questão polêmica.

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