• Matéria: Português
  • Autor: Larikelly2845
  • Perguntado 8 anos atrás

Urupês

[...] a verdade nua manda dizer que entre as raças de variado matiz, formadoras da nacionalidade e metidas entre o estrangeiro recente e o aborígine de tabuinha no beiço, uma existe a vegetar de cócoras, incapaz de evolução, impenetrável ao progresso. Feia e soma, nada a põe de pé. [...] Jeca Tatu é um piraquara do Paraíba, maravilhoso epitome de carne onde se resumem todas as características da espécie. [...] De pé ou sentado as idéias se lhe entramam, a língua emperra e não há de dizer coisa com coisa. De noite, na choça d e palha, acocora-se em frente ao fogo para “aquentá-lo", imitado da mulher e da prole. Para comer, negociar uma barganha, ingerir um café, tostar um cabo de foice, fazê-lo noutra posição será desastre infalível. Há de ser de cócoras. [...] Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade! Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo... Quando comparece às feiras, todo mundo logo adivinha o que ele traz: sempre coisas que a natureza derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de espichar a mão e colher [...]. Seu grande cuidado é espremer todas as consequências da lei do menor esforço — e nisto vai longe. [...] Um terreirinho descalvado rodeia a casa. O mato o beira. Nem árvores frutíferas, nem horta, nem flores — nada revelador de permanência. Há mil razões para isso; porque não é sua a terra; porque se o “tocarem" não ficará nada que a outrem aproveite; porque para frutas há o mato; porque a "criação" come; porque... [...] Jeca, interpelado, olha para o morro coberto de moirões, olha para o terreiro nu, coça a cabeça e cuspilha. — “Não paga a pena." Todo o inconsciente filosofar do caboclo grulha nessa palavra atravessada de fatalismo e modorra. Nada paga a pena. Nem culturas, nem comodidades. De qualquer jeito se vive. [...] (LOBATD, M onteiro. Urupês. 37. ed. São Paulo: B rasiliense, 2004. p. 166-170. (Fragmento).)

1. 0 narrador sugere que a figura do caboclo é idealizada indevidamente. Transcreva em seu caderno o trecho em que isso aparece. ► Por que o narrador critica essa idealização?
2. Releia. “Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade! Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo..."
a) De que maneira, no trecho destacado, o narrador demonstra a imagem “bonita” que a personagem adquire nos romances?
b) De acordo com o texto, como é o Jeca Tatu na realidade?

Respostas

respondido por: BiaBomfim
245

Olá,

 

1 - Pode se perceber na frase:

 

Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!

 

Para o autor, a figura idealizada do caboclo não reflete a realidade

 

2 - a) O autor coloca a figura do caboclo romantizada como a junção de todas etnias, a representação do natural, do povo, da calmaria

 

b) Para o autor a figura do Jeca Tatu de verdade enfrenta vários desafios em seu cotidiano, uma figura que conformada com sua realidade acha que não vale a pena muito esforço, porque de qualquer maneira se vive.

 

Espero ter ajudado!

respondido por: marigiorgiani
54

Questão 1

A frase em que isso aparece é: "Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade! "

O autor critica essa idealização porque o personagem não tem nenhum atributo real que leve a esse fim de idealização do caboclo.

Ele é um homem comum, sem inteligência brilhante, que faz um trabalho de mínimos esforços. É um indivíduo que vive na simplicidade, no tal do "um dia após o outro", sem intenção de mudanças, pois para ele não há benefícios em se esforçar demais.

Questão 2. a)

A imagem "bonita" que a personagem adquire nos romances é de um caboclo que representa a junção de diversas etnias e que leva uma vida calma e tranquila, alinhada com o ritmo da natureza. Que vive do que a natureza proporciona e que tem uma relação íntima e de respeito com tudo o que vem da terra.  

Seria a representação do caboclo que optou por viver próximo à natureza, pois crê que é um estilo de vida saudável para o corpo e para a mente.

Questão 2. b)

O Jeca Tatu na realidade é um indivíduo que vive, realmente, do que a natureza proporciona e sem grandes ambições. Mas esse modo de vida é na verdade um conformismo e não uma escolha baseada em fatos. Jeca Tatu acha que não vale a pena se esforçar muito, porque "de qualquer maneira se vive".

Para ele, estar vivo é viver, então por que fazer qualquer esforço além do estritamente necessário? "Não paga a pena", diz ele.

Um exemplo é no trecho que diz que ele leva às feiras as coisas que a natureza derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de espichar a mão e colher. Ou seja, relata que Jeca Tatu é um indivíduo preguiçoso, que faz apenas o necessário.

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