• Matéria: História
  • Autor: thaispaixao9118
  • Perguntado 8 anos atrás

Adolf Hitler, irracional, contraditório, complexo, é uma personalidade imprevisível; nisso estão seu poder, sua ameaça. Para milhões de alemães honestos ele é sublime, uma figura de adoração; enche-os de amor, medo e êxtase nacionalista. Para muitos outros alemães, é esquálido e ridículo – um charlatão, um histérico de sorte e um demagogo mentiroso. Quais os motivos desse paradoxo? Quais as fontes de seu prodigioso poder? Esse homem pançudo, de bigodinho à Charlie Chaplin, dado à insônia e emocionalismo, chefe do Partido Nazista, comandante em chefe do Exército e da Marinha alemães, líder da nação alemã, criador, presidente e chanceler do Terceiro Reich, nasceu na Áustria em 1889. Não é alemão nato. Esse é um ponto muito importante a inflamar seu nacionalismo inicial. Ele criou o implacável patriotismo do fronteiriço, do exilado. Só um austríaco poderia levar tão a sério o germanismo. A história pessoal de Hitler inclui muitos episódios extraordinários e bizarros. Antes de discutirmos seu nascimento e infância, de esboçarmos sua carreira, talvez seja bom apresentar um amplo quadro detalhado desse personagem e sua rotina, atitudes, hábitos diários, suas características e limitações individuais. Sua imaginação é inteiramente política. Vi os primeiros quadros dele, os que apresentou à Academia de Arte de Viena quando rapaz. São prosaicos, absolutamente desprovidos de ritmo, cor, sentimento ou fantasia espiritual. São desenhos de arquiteto: desenho penoso e preciso; nada mais. [...] Seus estudos foram muito breves, e nenhum esforço de generosidade faria alguém chamá-lo de gênio. Não chega nem perto da cultura e peso intelectual, digamos, de Mussolini. Quase não lê nada. O Tratado de Versalhes, provavelmente, foi a mais concreta influência individual em sua vida; mas é duvidoso que o tenha lido todo. Não gosta de intelectuais. Jamais esteve fora da Alemanha (excetuando-se suas experiências de guerra em Flandres e duas visitas a Mussolini), e não fala nenhum idioma estrangeiro, a não ser algumas palavras em francês. [...] Hitler acha difícil tomar decisões rápidas: essa capacidade deriva de harmonia interior, que ele não tem. Não é um “homem forte, silencioso”. [...] É extremamente emocional. Raramente responde a perguntas. Fala com a gente como se estivesse num comício, e nada detém o jorro de palavras. [...] Por algum tempo se disse que seu melhor traço era a lealdade. Ele jamais, dizia a piada, abriria mão de três coisas: dos judeus, dos amigos e da Áustria. Ninguém faria essa piada hoje, agora que o capitão Roehm está morto. [...] Um após outro, foi eliminando os que o ajudaram em sua carreira: Drexler, Feder, Gregor Strasser. [...] Como a de todos os fanáticos, sua capacidade de acreditar nas próprias invenções, de iludir-se, é enorme. Assim, é inteiramente “sincero” – acredita mesmo – quando, numa entrevista ao daily Mail, diz que a revolução nazista custou apenas 26 vidas. Crê absolutamente no que diz – no momento. Mas suas mentiras têm sido notórias. Heiden conta algumas das mais recônditas inverdades, e outras são conhecidas de todo estudioso. Ele prometeu às autoridades da Baviera não fazer um putch; e prontamente fez um. Prometeu tolerar um governo Papen; depois combateu-o. Prometeu não mudar a composição do seu primeiro gabinete; depois mudou-a. Prometeu matar-se se o golpe de Munique falhasse; falhou, e ele continua vivo.
(GUNTHER, John. Um retrato de Hitler. In: LEWIS, Jon E. (Ed.). O grande livro do jornalismo. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008. p. 151-154.)

a) Explique o contexto político da guerra na época em que foi escrito o texto da página anterior. b) Qual é a imagem que a descrição do jornalista constrói do líder nazista? c) A descrição feita por John Gunther transmite alguma intencionalidade? Explique. d) Em sua opinião, a personalidade de personagens históricos permite explicar os fatos históricos? Justifique

Respostas

respondido por: BiaBomfim
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Olá,

a) O contexto do texto trata-se da segunda guerra mundial. Após a Alemanha sair derrotada da primeira guerra mundial, surgiu um sentimento de insatisfação da população e a busca pela volta do nacionalismo, abrindo espaço para figuras como Hitler.

b) O jornalista o retrata como um homem covarde, desleal, o qual não possui muito conhecimento nem se interessa por aprender, uma figura caricata e egocêntrica.

c) Sim, desprover a boa imagem de Hitler, contradizendo suas supostas qualidades.

d) Sim, em um cenário político a população irá buscar uma imagem que a represente, faz parte do marketing eleitoral criar figuras com as características definidas, as quais as pessoas podem se identificar e memorizaram. No caso da personalidade dos personagens históricos, normalmente deixam claro o motivo de certas decisões ou conflitos.
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