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O bócio é um problema caracterizado pelo aumento do tamanho da glândula tiroide, uma estrutura em forma de borboleta situada na porção anterior do pescoço que está relacionada com a produção de dois importantes hormônios: tri-iodotironina e tiroxina. O aumento do tamanho dessa glândula normalmente está associado com uma falta de iodo na alimentação, ocorrência que configura o chamado bócio endêmico.
O aumento da glândula tireoide na ausência de iodo ocorre porque esse nutriente é fundamental para a síntese dos hormônios tireoidianos, fazendo com que a glândula aumente de tamanho como uma forma de compensação. Com o aumento, é possível observar as saliências na região do pescoço (observe a figura acima).
O bócio pode desencadear problemas sérios, uma vez que o aumento exagerado da glândula pode fazer com que outros órgãos próximos sejam afetados, principalmente a traqueia e o esôfago, que ficam comprimidos, causando dificuldades para respirar e engolir.
Para tratar o problema do bócio, podem ser usados medicamentos com iodo e/ou com hormônios tireoidianos, além do tratamento com iodo radioativo, que reduz o tamanho da glândula pela radição. Em casos graves, onde ocorre a compressão de órgãos, por exemplo, pode ser feita a remoção de parte ou da totalidade da glândula. Caso a tireoide seja retirada, o paciente deve fazer uso de hormônios por toda a vida.
A tireoide é responsável pela produção de dois importantes hormônios
A deficiência de iodo no organismo não é um problema recente, pois registros indicam que ela exista há mais de 5000 anos. Em 1831, Boussingault, um pesquisador francês, percebeu que a causa do bócio estava na deficiência de iodo e sugeriu a adição do nutriente ao sal para prevenir esse problema. Apesar das recomendações do francês, apenas em 1953 foi promulgada uma lei no Brasil que obrigasse a iodação do sal. Estima-se que nessa época cerca de 20% de toda a população apresentava problemas decorrentes da deficiência desse nutriente.
Após o inicio da utilização do sal iodado, ocorreu uma considerável redução no número da doença, o que levou a técnica a ser adotada como uma forma preventiva do bócio em várias partes do mundo. Hoje o sal de cozinha brasileiro apresenta uma quantidade de iodo que varia entre 15mg/kg e 45mg/kg. Anteriormente, o valor era de 20 a 60 mg/kg, mas pesquisas indicaram que o excesso do nutriente causava danos à saúde, o que levou a uma revisão dos valores.
É importante frisarmos que algumas vezes o bócio não ocorre por consequência da deficiência de iodo. Entre as outras causas conhecidas, podemos citar o hipertireoidismo, a tireoidite de Hashimoto, tumores, infecções e o uso de alguns medicamentos.