• Matéria: Português
  • Autor: nonoproenca2003
  • Perguntado 8 anos atrás

COMO NASCERAM AS ESTRELAS
Clarice Lispector


Pois é, todo mundo pensa que sempre houve no mundo estrelas pisca-pisca. Mas é erro. Antes os índios olhavam de noite para o céu escuro – e bem escuro estava esse céu. Um negror. Vou contar a história singela do nascimento das estrelas.
Era uma vez, no mês de janeiro, muitos índios. E ativos: caçavam, pescavam, guerreavam. Mas nas tabas não faziam coisa alguma: deitavam-se nas redes e dormiam roncando. E a comida? Só as mulheres cuidavam do preparo dela para terem todos o que comer.
Uma vez elas notaram que faltava milho no cesto pra moer. Que fizerem as valentes mulheres? O seguinte: sem medo enfurnaram-se nas matas, sob um gostoso sol amarelo. As árvores rebrilhavam verdes e embaixo delas havia sombra e água fresca.
Quando saíam de debaixo das copas, encontravam o calor, bebiam no reino das águas dos riachos buliçosos. Mas sempre procurando milho porque a fome era daquelas que as faziam comer folhas de árvores. Mas só encontravam espigazinhas murchas e sem graça.
– Vamos voltar e trazer conosco uns curumins. (Assim chamavam os índios as crianças.) Curumin dá sorte.
E deu mesmo. Os garotos pareciam adivinhar as coisas: foram retinho em frente e numa clareira da floresta – eis um milharal viçoso crescendo alto. As índias, maravilhadas, disseram: vamos colher muita espiga. Mas os garotinhos também colheram muitas e fugiram das mães, voltando à taba e pedindo à avó que lhes fizesse um bolo de milho. A avó assim fez e os curumins se encheram de bolo que logo se acabou. Só então tiveram medo das mães, que reclamariam por eles comerem tanto. Podiam esconder numa caverna a avó e o papagaio porque os dois contariam tudo. Mas – e se as mães dessem falta da avó e do papagaio tagarela? Aí então chamaram os colibris para que amarrassem um cipó no topo do céu. Quando as índias voltaram, ficaram assustadas vendo os filhos subindo pelo ar. Resolveram, essas mães nervosas, subir atrás dos meninos e cortar o cipó embaixo deles.
Aconteceu uma coisa que só acontece quando a gente acredita: as mães caíram no chão, transformando-se em onças. Quanto aos curumins, como já não podiam voltar para a terra, ficaram no céu até hoje, transformados em gordas estrelas brilhantes.
Mas, quanto a mim, tenho a lhes dizer que as estrelas são mais do que curumins. Estrelas são os olhos de Deus vigiando para que corra tudo bem. Para sempre. E, como sabe, “sempre” não acaba nunca.
01) A história começa com a expressão : “Era um vez...” Essa história :
a) Estaria adequada num livro de ciências
b) Estaria adequada num livro de história
c) Não estaria adequada num livro de ciências pois é um texto ficcional
d) Não estaria adequada num livro de história pois possui explicações científicas
e) nra

02) A divisão de trabalho nas tribos é definida pelos sexos. Que trecho do livro demonstra isso?
a) Pois é, todo mundo pensa que sempre houve no mundo estrelas pisca-pisca.
b) Antes os índios olhavam de noite para o céu escuro – e bem escuro estava esse céu.
c) Vou contar a história singela do nascimento das estrelas.
d) Era uma vez, no mês de janeiro, muitos índios.
e) Mas nas tabas não faziam coisa alguma: deitavam-se nas redes e dormiam roncando. E a comida? Só as mulheres cuidavam do preparo dela para terem todos o que comer.

03) No segundo parágrafo há um adjetivo que caracteriza o comportamento dos homens na tribo como dinâmico. Qual esse adjetivo?
a) Ativos
b) Preparo
c) Valentes
d) Gostoso
e) nra

04) Em que parágrafo ocorre o desfecho da história?
a) quinto parágrafo
b) sexto parágrafo
c) quarto parágrafo
d) penúltimo parágrafo
e) último paragrafo

Anexos:

Respostas

respondido por: andrealmeida150
54
1.
R=d) Não estaria adequada num livro de ciências, pois é um texto ficcional.

2.
R=e) Mas nas tabas não faziam coisa alguma: deitavam-se nas redes e dormiam roncando. E a comida? Só as mulheres cuidavam do preparo dela para terem todos o que comer.

3.
R=a) Ativos

4.
R=e) Último parágrafo
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