Respostas
1 – AMOR (Álvares de Azevedo)
“Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu'alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!
Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d'esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!
Vem, anjo, minha donzela,
Minha'alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!”
2 – Adormecida (Castro Alves)
“Uma noite, eu me lembro... Ela dormia Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo E o pé descalço do tapete rente.
'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte, Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados, Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras, Iam na face trêmulos - beijá-la.
Era um quadro celeste!... A cada afago mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que naquele doce instante brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes, Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava ora afastava-se... Mas quando a via despeitada a meio,
P'ra não zangá-la... sacudia alegre uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando esta cena, repetia naquela noite lânguida e sentida:' Ó flor! - tu és a virgem das campinas!'Virgem! - tu és a flor da minha vida!...”
3 - Amar e Ser Amado (Castro Alves)
“Amar e ser amado! Com que anelo
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sentimento
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano,
Beijar teus lábios em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante, amado
Como um anjo feliz... que pensamento!?”