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Todos nós, um dia, já acordamos com a garganta infeccionada, febre e\ou dor. Não há dúvida de que, principalmente, alguma bactéria ou vírus esteja associado a esse quadro frequente tanto em adultos quanto em crianças. Mas, quem imagina que tal situação seja causada somente pela presença do microrganismo está totalmente enganado. A dor na região das amígdalas, o inchaço que dificulta a deglutição, a vermelhidão no local e, por fim, a febre, são sinais comuns do organismo diante de algo estranho, conhecido como antígeno ou agente agressor. Trata-se de uma reação inflamatória. O termo inflamação é derivado do latim flamma que significa ‘pegar fogo, chama’, literalmente é uma das sensações observadas durante um processo inflamatório. O calor é atribuído à liberação de várias substâncias químicas, chamadas de mediadores diante da detecção do agente agressor. O processo inflamatório é uma resposta do próprio organismo, com o objetivo de recrutar células de defesa, chamadas leucócitos, para combater e reparar eventuais danos teciduais provocados pelo corpo estranho. Dessa maneira, a resposta inflamatória é o primeiro passo para que o organismo se reestabeleça, mas sem saber disso, as pessoas só conseguem reclamar da dor, calor, rubor e inchaço, principais sinais que caracterizam o quadro inflamatório.
Nessa dinâmica, todo o organismo é acionado a responder a presença do invasor: sistema imunológico, sistema nervoso, sistema cardíaco, sistema vascular, sistema muscular, sistema renal, sistema hepático, dentre outros. O sistema imune é o que coordena a integração dos demais sistemas.
A dor na área inflamada é provada basicamente por dois mediadores liberados pelas células de defesa, chamados de interleucina 1 (IL-1) e prostaglandinas que irritam os nervos locais. Alguns pesquisadores comparam a dor a uma ‘sirene’ alertando de que há algo errado com o organismo. A IL-1 e as prostaglandinas juntamente com a interleucina 6 e o fator de necrose tumoral (TNF) chegam até o sistema nervoso através da circulação sanguínea, desestabilizando nosso termostato, chamado hipotálamo. O aumento da temperatura corporal tem o objetivo de limitar o crescimento microbiano e, também, ativar proteínas de sinalização, chamadas de chaperonas moleculares, tudo isso para nos ajudar a combater o famoso agente agressor! Nem sempre é observada a febre. Tal fenômeno está correlacionado à quantidade de mediadores liberados. Por exemplo, um leve arranhão não é capaz de liberar tantos mediadores que irão viajar até o nosso sistema nervoso sinalizando a febre.
Ainda há muito mais… mediadores lipídicos (eicosanoides), proteínas e aminas vasoativas que promovem o aumento da permeabilidade vascular possibilitando com que as células de defesa do sangue migrem para o sítio infeccioso. Isso amplia o calibre dos vasos junto à lesão, explicando o rubor (vermelhidão) típico da inflamação. Concomitante com a passagem de células há o extravasamento de líquido para o interstício, desencadeando o edema.
Sendo assim, os ‘artistas principais’ da resposta inflamatória, são os mediadores químicos. Toda essa cascata de sinalização demonstra que o organismo está sempre em prontidão para detectar substâncias estranhas, infecções, lesões ou distúrbios orgânicos.