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Pluralidade e Diversidade das Ciências Sociais: uma contribuição para a epistemologia da ciência
"O que está em jogo não é a transmissão daquilo
que se inventa, mas antes a transmissão do poder
de inventar" (Juan David Nasio).
"Ler uma boa página antes de se pôr a trabalhar
[...] a leitura é para nós iniciadora, cujas chaves
mágicas abrem, no fundo de nós mesmos, a porta
das moradas onde não saberíamos penetrar" (Marcel Proust).
Este número da revista Sociedade e Estado contempla o tema das inovações no campo da metodologia das ciências sociais, constitui-se uma tentativa de discutir não apenas sobre os rumos que assumem as novas propostas metodológicas no campo da produção de conhecimentos nessa área, mas também de incentivar os debates sobre alguns problemas epistemológicos, teóricos e metodológicos.
Como afirma Lakatos (1993), o respeito que o homem sente pelo conhecimento constitui-se uma de suas características mais peculiares. O conhecimento, em latim, é denominado de scienta e ciência acabou tornando-se o nome de uma das mais consideradas e respeitadas formas de conhecimento. O que diferencia o conhecimento científico da ideologia, da superstição e das pseudociências? A igreja católica excomungou os copernicanos, e o Partido Comunista perseguiu os mendelianos por considerar suas doutrinas pseudocientíficas (Ianni, 2001).
Há mais de quatro séculos, a ciência vem progressivamente dominando o pensamento ocidental, suplantando outras formas de conhecer e de explicar a realidade. Entretanto, este domínio de mistificação da ciência no contexto da revolução científica e técnica, com profunda penetração nas mais diversas esferas da vida social, também gerou o seu contrário: uma crítica à sua própria natureza. A este propósito, recentemente afirmou Abramovay (2004, p. 10):
A ciência retira sentido do mundo, já que faz dele um ' cosmos de causalidade natural', algo perfeitamente explicável e, portanto, desprovido de mistério. Ao mesmo tempo, a ciência se caracteriza exatamente pela impossibilidade de uma visão única, completa, acabada a respeito dos fenômenos que estuda: é provisória por definição e, portanto, é aí que reside exatamente sua força, que consiste sempre em ser superada por novos avanços.
A demarcação entre ciência e pseudociência não é apenas de ordem filosófica, tem também importância ético-política e epistemológica (Ianni, 2001). No plano ético, critica-se o seu significado social e político, denunciando-se as conseqüências do desenvolvimento científico e tecnológico em relação à qualidade de vida. Enfatiza-se aqui a impotência da ciência frente aos dilemas e problemas do homem e sua busca de felicidade e realização. O conhecimento científico tanto pode promover a criação como a destruição de forças sociais, a riqueza dos indivíduos e das nações, assim como fomentar as desigualdades e a pobreza. Assim,
(...) a ciência não é capaz de fornecer respostas a questões essenciais a respeito do sentido da vida ou da morte, por exemplo. Buscar na ciência a receita para a conduta individual ou social é abrir o caminho para o totalitarismo. O cientista não é um formador de utopias, e sim alguém cuja contribuição social está em sua capacidade crítica, na elaboração e utilização de conceitos [e métodos] que permitam compreender inclusive as utopias como fenômenos sociológicos. (Abramovay, 2004, p. 11).
Portanto, cabe ao cientista social declarar guerra a qualquer forma ou versão de dogmatismo, no sentido de que o pesquisador esteja atento para não assumir, como base de suas análises da realidade, paradigmas fechados e auto-suficientes. A exigência é de uma postura aberta e crítica.
No plano epistemológico, são discutidos os padrões de análise científica atualmente em uso nas ciências sociais. Em primeiro lugar, as noções de certeza e determinação, estabelecidas nas ciências exatas e incorporadas nas ciências sociais, têm sido cada vez mais criticadas. Da mesma forma que a natureza e diversidade de objetos de estudo das ciências sociais sugere a busca de novas estratégicas teórico-metodológicas, impõe-se também uma reflexão mais aprofundada sobre a cientificidade dos discursos produzidos por estas ciências. Estes temas constituem-se objeto de análise das próximas seções.
"O que está em jogo não é a transmissão daquilo
que se inventa, mas antes a transmissão do poder
de inventar" (Juan David Nasio).
"Ler uma boa página antes de se pôr a trabalhar
[...] a leitura é para nós iniciadora, cujas chaves
mágicas abrem, no fundo de nós mesmos, a porta
das moradas onde não saberíamos penetrar" (Marcel Proust).
Este número da revista Sociedade e Estado contempla o tema das inovações no campo da metodologia das ciências sociais, constitui-se uma tentativa de discutir não apenas sobre os rumos que assumem as novas propostas metodológicas no campo da produção de conhecimentos nessa área, mas também de incentivar os debates sobre alguns problemas epistemológicos, teóricos e metodológicos.
Como afirma Lakatos (1993), o respeito que o homem sente pelo conhecimento constitui-se uma de suas características mais peculiares. O conhecimento, em latim, é denominado de scienta e ciência acabou tornando-se o nome de uma das mais consideradas e respeitadas formas de conhecimento. O que diferencia o conhecimento científico da ideologia, da superstição e das pseudociências? A igreja católica excomungou os copernicanos, e o Partido Comunista perseguiu os mendelianos por considerar suas doutrinas pseudocientíficas (Ianni, 2001).
Há mais de quatro séculos, a ciência vem progressivamente dominando o pensamento ocidental, suplantando outras formas de conhecer e de explicar a realidade. Entretanto, este domínio de mistificação da ciência no contexto da revolução científica e técnica, com profunda penetração nas mais diversas esferas da vida social, também gerou o seu contrário: uma crítica à sua própria natureza. A este propósito, recentemente afirmou Abramovay (2004, p. 10):
A ciência retira sentido do mundo, já que faz dele um ' cosmos de causalidade natural', algo perfeitamente explicável e, portanto, desprovido de mistério. Ao mesmo tempo, a ciência se caracteriza exatamente pela impossibilidade de uma visão única, completa, acabada a respeito dos fenômenos que estuda: é provisória por definição e, portanto, é aí que reside exatamente sua força, que consiste sempre em ser superada por novos avanços.
A demarcação entre ciência e pseudociência não é apenas de ordem filosófica, tem também importância ético-política e epistemológica (Ianni, 2001). No plano ético, critica-se o seu significado social e político, denunciando-se as conseqüências do desenvolvimento científico e tecnológico em relação à qualidade de vida. Enfatiza-se aqui a impotência da ciência frente aos dilemas e problemas do homem e sua busca de felicidade e realização. O conhecimento científico tanto pode promover a criação como a destruição de forças sociais, a riqueza dos indivíduos e das nações, assim como fomentar as desigualdades e a pobreza. Assim,
(...) a ciência não é capaz de fornecer respostas a questões essenciais a respeito do sentido da vida ou da morte, por exemplo. Buscar na ciência a receita para a conduta individual ou social é abrir o caminho para o totalitarismo. O cientista não é um formador de utopias, e sim alguém cuja contribuição social está em sua capacidade crítica, na elaboração e utilização de conceitos [e métodos] que permitam compreender inclusive as utopias como fenômenos sociológicos. (Abramovay, 2004, p. 11).
Portanto, cabe ao cientista social declarar guerra a qualquer forma ou versão de dogmatismo, no sentido de que o pesquisador esteja atento para não assumir, como base de suas análises da realidade, paradigmas fechados e auto-suficientes. A exigência é de uma postura aberta e crítica.
No plano epistemológico, são discutidos os padrões de análise científica atualmente em uso nas ciências sociais. Em primeiro lugar, as noções de certeza e determinação, estabelecidas nas ciências exatas e incorporadas nas ciências sociais, têm sido cada vez mais criticadas. Da mesma forma que a natureza e diversidade de objetos de estudo das ciências sociais sugere a busca de novas estratégicas teórico-metodológicas, impõe-se também uma reflexão mais aprofundada sobre a cientificidade dos discursos produzidos por estas ciências. Estes temas constituem-se objeto de análise das próximas seções.
ThaysTrevosa1:
iih foi na errada sorry
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