ENADE (2011) adaptada.
Em reportagem, Owen Jones, autor do livro Chavs: a difamação da classe trabalhadora, publicado no Reino Unido, comenta as recentes manifestações de rua em Londres e em outras principais cidades inglesas. Jones prefere chamar atenção para as camadas sociais mais desfavorecidas do país, que desde o início dos distúrbios, ficaram conhecidas no mundo todo pelo apelido chavs, usado pelos britânicos para escarnecer dos hábitos de consumo da classe trabalhadora. Jones denuncia um sistemático abandono governamental dessa parcela da população: “Os políticos insistem em culpar os indivíduos pela desigualdade”, diz. (...) “você não vai ver alguém assumir ser um chav, pois se trata de um insulto criado como forma de generalizar o comportamento das classes mais baixas. Meu medo não é o preconceito e, sim, a cortina de fumaça que ele oferece. Os distúrbios estão servindo como o argumento ideal para que se faça valer a ideologia de que os problemas sociais são resultados de defeitos individuais,
não de falhas maiores. Trata-se de uma filosofia que tomou conta da sociedade britânica com a chegada de Margaret Thatcher ao poder, em 1979, e que basicamente funciona assim: você é culpado pela falta de oportunidades. (...) Os políticos insistem em culpar os indivíduos pela desigualdade”.
Suplemento Prosa & Verso, O Globo, Rio de Janeiro, 20 ago. 2011, p. 6 (adaptado).
Considerando as ideias do texto, avalie as afirmações a seguir.
I. Chavs é um apelido que exalta hábitos de consumo de parcela da população britânica.
II. Os distúrbios ocorridos na Inglaterra serviram para atribuir deslizes de comportamento individual como causas
de problemas sociais.
III. Indivíduos da classe trabalhadora britânica são responsabilizados pela falta de oportunidades decorrente da
ausência de políticas públicas.
IV. As manifestações de rua na Inglaterra reivindicavam formas de inclusão nos padrões de consumo vigente.
É correto apenas o que se afirma em
Gente pelo amor de deus Help
Respostas
Resposta:
Correta: afirmativas II, III e IV.
Explicação:
I. Chavs é um apelido que exalta hábitos de consumo de parcela da população britânica.
Incorreta, "chavs" é um termo depreciativo.
II. Os distúrbios ocorridos na Inglaterra serviram para atribuir deslizes de comportamento individual como causas de problemas sociais.
Correta. Um fator importante para compreendermos as distinções e as divisões entre pobres e povo efetivadas pelos ingleses no século XVII perpassava diretamente o muro invisível erguido pela educação, pois, em uma sociedade em que o comércio estava em ascensão, para a massa dos pobres, a educação era bastante difícil ou muito provavelmente inacessível. Assim, “era quase impossível ao indigente escapar da herança com o qual nascera” (HILL, 1990, p. 43), tal situação acabou por constituir um corpo social de “pobres permanentes”, que, em períodos de crise, nas colheitas se revoltavam, aterrorizando os governos que tentavam controlá-los por meio de medidas paliativas, sendo festivamente auxiliados ou “socorridos” pela camada intermediária, o que, para Hill, era o que as elites consideravam como sendo o “povo”, ou seja, “pequenos proprietários rurais, artesãos e comerciantes que prosperavam à época da grande cisão
econômica”.
III. Indivíduos da classe trabalhadora britânica são responsabilizados pela falta de oportunidades decorrente da ausência de políticas públicas.
Correta. No decorrer do século XVIII, em um contexto político em que a gentry ditava as regras, a economia capitalista desenvolvia-se com rapidez e o livre comércio tornava-se o modelo econômico a expandir-se nos mercados. Foi inserido nesse quadro que justamente os pobres passaram a protagonizar as ações conhecidas como “motins de fome”. Se o século XVII apontou o receio das elites com a “ação direta”, o século XVIII apontou para a não absorção da mão de obra disponível em níveis crescentes, aliada à insatisfação das massas e interferência direta do
capitalismo nas normas dos mercados, que desencadearam os motins de fome como “movimentos populares”.
IV. As manifestações de rua na Inglaterra reivindicavam formas de inclusão nos padrões de consumo vigente.
Correta, consultar comentarios II e II.