• Matéria: Português
  • Autor: tatizinhadaceap60rns
  • Perguntado 8 anos atrás

preciso de uma redação sobre violência em fortaleza pra amanhã de manhã, alguém de bom coração poderia me ajudar?

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respondido por: thiagofalcao07p8f9pg
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Conhecida pelas belíssimas praias e pelo alto fluxo de turistas vindos de vários estados brasileiros e de outros países, a capital do Ceará enfrenta aumento de violência e os moradores já mudam seus hábitos na tentativa de evitar os assaltos também nas áreas nobres da cidade. Estudos mostram que o clima de insegurança em Fortaleza, que será palco amanhã de Brasil x México, o primeiro de três jogos da Copa das Confederações, tem fundamento. O número de assaltos a ônibus na cidade quadriplicou nos cinco primeiros meses de 2013 . Em dez anos, a taxa de homicídios subiu 80% no Ceará, e quase metade deles aconteceram na capital.

Nos quatro primeiros meses de 2013 foram registrados 965 homicídios em Fortaleza. São 40 homicídios por 100 mil habitantes, o que proporcionalmente ao número de habitantes é maior do que o índice de São Paulo. Se os números desse período fossem anualizados, a previsão chegaria a 120 homicídios em 2013. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma cidade que possui uma média acima de 10 homicídios por 100 mil é considerada em estado de epidemia.

- É indiscutível a explosão da violência. Observamos um aumento de usuários de crack e a percepção da chegada de criminosos vindos de outras cidades do país. Fortaleza mudou bastante e esse é um reflexo da grande desigualdade social que vivemos - explica o sociológo Cesar Barreira, coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará.

De fato, a capital cearense é considerada uma das cidades mais desiguais da América Latina. De acordo com um relatório do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) divulgado no ano passado, entre 37 cidades com as maiores aglomerações urbanas da América Latina, Fortaleza é um dos locais de pior distribuição de renda.

Enquanto a seleção brasileira se prepara para entrar em campo, os moradores do entorno do Castelão, o estádio da Copa, convivem com esgoto a céu aberto e outras situações de miséria e abandono. Pesquisas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) com base em dados do IBGE mostram que cerca de 6% dos moradores das seis áreas vizinhas à Arena vivem com renda familiar mensal inferior a R$ 70 por pessoa.

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Em toda a cidade, é possível observar uma mudança de comportamento dos moradores. Motoristas não abrem os vidros de carro e quando estão a pé evitam percursos longos e depois que escurece. A própria Polícia Militar fez uma lista com os dez cruzamentos mais perigosos da capital. Todos ficam na área nobre da cidade e próximos à Avenida Beira Mar, ainda muito frequentada por turistas, mas apontada como um dos locais preferidos dos assaltantes.

- A população precisa mudar essa situação. Não podemos continuar reféns da violência - clama a arquiteta Eliana Braga, de 53 anos, cuja filha de 21 anos foi abordada dentro da faculdade e levada até a casa onde a família mora para um assalto, no início do ano.

Motivada pelo ocorrido, Eliana resolveu criar uma página no Facebook batizada de “Fortaleza Apavorada”, que hoje tem 47 mil participantes. Na internet, ela divulgou um protesto que aconteceu na quinta passada e fez com que o Governo do Estado do Ceará reconhecesse, por meio de nota oficial, o fato de “que alguns crimes cresceram de forma intolerável”.

A segurança é uma preocupação ainda maior durante a Copa das Confederações. No primeiro evento-teste na Arena Castelão em abril, dois torcedores foram mortos a tiros enquanto seguiam em direção ao estádio para assistir a partida entre Fortaleza e Ceará.

- A população teme o aumento de assaltos a mão armada e tem a percepção de que a cidade não está preparada para receber um evento deste porte - afirma a antropóloga Jania Diógenes Aquino, que está fazendo uma pesquisa sobre impactos da Copa do Mundo na segurança pública em Fortaleza para o Laboratório do Estudo da Violência . - O medo é de que haja ação violenta de gangues em áreas nobres e até enfrentamento de torcidas organizadas.

Por conta da Copa, a Secretaria do Turismo do Ceará (Setur) estima que a cidade receba 30% visitantes a mais do que no mesmo mês no ano passado. Serão aproximadamente 265 mil turistas para a Copa das Confederações, número é 10 vezes maior que o total de quartos em hotéis.

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A Secretaria Municipal Extraordinária da Copa garante que vai assegurar a segurança de motoristas e pedestres com monitoramento do entorno e ação conjunta com a Polícia Rodoviária Estadual e Federal. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do estado do Ceará declarou em uma coletiva que vai colocar aproximadamente 3.000 agentes extras nas ruas e dentro do estádio. Procurado insistentemente pela reportagem desde a semana passada, o secretário de segurança Francisco Bezerra não retornou para se pronunciar sobre o esquema para a Copa ou sobre o aumento da violência na cidade.



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