Me gritaram negra, poema de Victoria Santa Cruz
Em 21 de março de 1960, em Joanesburgo, na África do Sul, 20.000 pessoas faziam um protesto contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a portar um cartão que continha os locais onde era permitida sua circulação. Porém, mesmo tratando-se de uma manifestação pacífica, a polícia do regime de apartheid abriu fogo sobre a multidão desarmada resultando em 69 mortos e 186 feridos. A data é uma das escolhidas para as mobilizações preparatórias da Marcha das Mulheres Negras de 2015.
(Victoria Santa Cruz)
Tinha sete anos apenas,
apenas sete anos,
Que sete anos!
Não chegava nem a cinco!
De repente umas vozes na rua
me gritaram Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra!
“Por acaso sou negra?” – me disse
SIM!
“Que coisa é ser negra?”
Negra!
E eu não sabia a triste verdade que aquilo escondia.
Negra!
E me senti negra,
Negra!
Como eles diziam
Negra!
E retrocedi
Negra!
Como eles queriam
Negra!
E odiei meus cabelos e meus lábios grossos
e mirei apenada minha carne tostada
E retrocedi
Negra!
E retrocedi . . .
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Neeegra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
E passava o tempo,
e sempre amargurada
Continuava levando nas minhas costas
minha pesada carga
E como pesava!…
Alisei o cabelo,
Passei pó na cara,
e entre minhas entranhas sempre ressoava a mesma palavra
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Neeegra!
Até que um dia que retrocedia , retrocedia e que ia cair
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra!
E daí?
E daí?
Negra!
Sim
Negra!
Sou
Negra!
Negra
Negra!
Negra sou
Negra!
Sim
Negra!
Sou
Negra!
Negra
Negra!
Negra sou
De hoje em diante não quero
alisar meu cabelo
Não quero
E vou rir daqueles,
que por evitar – segundo eles –
que por evitar-nos algum disabor
Chamam aos negros de gente de cor
E de que cor!
NEGRA
E como soa lindo!
NEGRO
E que ritmo tem!
Negro Negro Negro Negro
Negro Negro Negro Negro
Negro Negro Negro Negro
Negro Negro Negro
Afinal
Afinal compreendi
AFINAL
Já não retrocedo
AFINAL
E avanço segura
AFINAL
Avanço e espero
AFINAL
E bendigo aos céus porque quis Deus
que negro azeviche fosse minha cor
E já compreendi
AFINAL
Já tenho a chave!
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO
Negra sou!
(1) Nas perguntas abaixo, você saberá um pouco mais sobre algumas das pessoas retratadas nas imagens da seção anterior e suas culturas. Para começar, você ouvirá um poema musicalizado chamado "Eu gritei preto". A partir deste título, o que você acha que o poema será sobre e de que ponto de vista?
(4) A segunda parte do poema termina com uma pergunta: "E daí?" Você acha que a situação mudou? Se sim, qual seria a mudança?
(5) Ouça a terceira parte do poema. Que efeito a repetição das palavras "preto" e "preto" produz?
(6) De acordo com o poema, como você costuma chamar os negros para evitar qualquer desconforto?
(7) Na sua opinião, por que a mulher está enfaticamente afirmando sua negritude?
(9) Os versos "E eu já entendi O FIM / Eu já tenho a chave" permitem inferir que a mulher decidiu:
(a) evite aqueles que a ofendem.
(b) avalie sua identidade negra.
(c) Renunciar e continuar indo para trás.
d) não se preocupa com a discriminação.
(11) Você acha que o tema do poema é relevante no Brasil, considerando as características de nossa sociedade? Por quê?
Respostas
(4) Sim. A mudança que ocorreu é que o eu-lírico passa a não se sentir ofendida com a palavra "negra", e sim muito valorizada por ter essa herança.
(5) (você não forneceu o poema musicalizado referido)
(6) (você não forneceu o poema musicalizado referido)
(7) A mulher está enfaticamente afirmando sua negritude porque acredita que esse é um elemento da sua identidade que precisa ser ouvido e refletido.
(9) (b) avalie sua identidade negra.
(11) O tema do poema é relevante porque ainda temos o racismo muito presente no Brasil e isso precisa ser discutido e vencido.
Sobre o texto do enunciado da questao bem como a música que tratam sobre a questaõ negra, temos que:
(1) O título do poema "Eu gritei preto" pode revelar o ponto de vista de alguém que cometeu racismo ou sofreu racismo. O segundo ponto de vista parece mais adequado para um poema.
(4) Sim. A mudança que ocorreu é que o eu-lírico passa a não se sentir ofendida com a palavra "negra", e sim muito valorizada por ter essa herança, o que mostra orgulho com a raça;
(5) (você não forneceu o poema musicalizado referido)
(6) (você não forneceu o poema musicalizado referido)
(7) A mulher está enfaticamente afirmando sua negritude porque acredita que esse é um elemento da sua identidade que precisa ser ouvido e refletido. Importante notar que o negro foi fundamental na formação cultural Brasileira.
(9) (b) avalie sua identidade negra.
(11) O tema do poema é relevante porque ainda temos o racismo muito presente no Brasil e isso precisa ser discutido e vencido.
Importante notar que novembro pode ser tido como o mês da consciência negra e o fomento as questões raciais no Brasil.
Nesse sentido, é importante que a cultura negra seja valorizada tendo em vista que faz parte da construção da identidade do povo brasileiro.
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espero ter ajudado!