• Matéria: História
  • Autor: lilialvesbotina
  • Perguntado 8 anos atrás

qual a relação entre a igreja católica e as universidades medievais?

Respostas

respondido por: IAmActuallyGabi
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Uma universidade possuía um núcleo de textos obrigatórios, com base nos quais os professores faziam as suas prelações e, ao mesmo tempo, expunham idéias próprias. Caracterizava-se também por estabelecer currículos acadêmicos bem definidos, que duravam um número de anos mais ou menos fixo, assim como por conferir diplomas. A concessão de título de “mestre” permitia a quem o recebesse o acesso ao grêmio dos docentes [...]. Embora muitas vezes as universidades tivessem de batalhar junto das autoridades externas pela sua autonomia, geralmente conseguiam-na, assim como o seu reconhecimento legal como corporações (WOODS, 2008, p. 47).

  

No tempo da Reforma havia oitenta e uma universidades. Trinta e três destas tinham estatuto pontifício, quinze estatuto real ou imperial, vinte tinham os dois, e apenas treze não tinham nenhuma credencial. Isso reflete o papel que também o Papado desempenhava naquela época em relação à educação. Somente concedia diplomas oficiais para todo o território da Cristandade com a aprovação do papa, do rei ou do imperador, aqueles diplomas com aprovação de monarcas nacionais simplesmente valiam no reino que eram emitidos.

Mas não só para isso era valiosa a participação dos papas. Nesta época eram comuns os conflitos entre as universidades e o povo ou o governo local. Por um lado a cidade se nutria com o dinheiro que os estudantes traziam e gastavam ali, mas por outro lado esses mesmo estudantes se tornavam irresponsáveis e indisciplinados, o que trazia desgosto e, consequentemente, alguns abusos do povo local em relação aos estudantes. Por esse motivo a Igreja concedeu a esses universitários uma proteção especial, o chamado benefício do clero. 

Os clérigos gozavam na Europa medieval de um estatuto especial: maltratá-los era um crime extraordinariamente grave; tinham o direito de que as suas causas fossem julgadas por um tribunal eclesiástico, e não pelo civil. Os estudantes universitários, como atuais ou potenciais candidatos ao estado clerical, passaram a também gozar desses privilégios. Os governantes civis também lhes estenderam muitas vezes uma proteção similar [...] (WOODS, 2008, p. 49). 

E não somente nessa ocasião os papas auxiliaram, pois muitos são os registros de interferências papais para um progresso significativo das universidades. Honório III se colocou ao lado de professores que protestavam em favor de seus direitos de liberdade, Inocêncio III interveio quando o chanceler de Paris insistiu que jurassem lealdade à sua pessoa, Gregório IX lançou a bula Parens scientiarum em favor dos mestres de Paris quando as autoridades diocesanas interferiram na autonomia institucional das universidades. Nessa bula o papa concedeu à Universidade de Paris o direito à autonomia de governo, assim ela poderia elaborar suas próprias regras a respeito dos cursos e pesquisas. Também neste documento o papa procurou zelar pela justiça e pela concórdia no ambiente das universidades, concedendo o direito à greve dos estudantes quando estes fossem tratados de modo abusivo. Assim, era comum que as universidades se queixassem ao papa as suas preocupações.

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