Fragmentos de história indígena na Amazônia colonial
“Maior tributário do rio Amazonas, o rio Madeira nasce nos Andes e é formado por dois complexos fluviais, o Guaporé/Mamoré e o Beni/Madre de Dios. Trata-se do segundo maior rio do mundo em volume de água e possui uma extensão de mais de 3.200 quilômetros. Conhecido como rio Cayari pelos indígenas que o habitavam no século XVI, foi rebatizado pelos europeus com o nome de Madeira, dada a abundância de troncos, sobretudo de acaju e de munguba, que flutuavam em suas águas.
No curso do baixo rio Madeira, 129 sítios arqueológicos mapeados evidenciam não apenas o contexto multiétnico e de desenvolvimento cultural como também o caráter contínuo de ocupação.
(...) Entre a segunda metade do século X e a primeira metade do século XIII, guerras intertribais ocuparam o cenário regional, identificadas pela construção de sistemas defensivos com extensas valas e paliçadas. (...)
Para os arqueólogos, a importância da região reside também no fato de ter sido o provável centro de difusão dos grupos tupis e guaranis, bem como da domesticação da pupunha e da mandioca. (....) a partir do século XVI, as sociedades indígenas da bacia do rio Madeira possuíam características uniformes: padrão disperso de assentamento, economia baseada na caça, coleta e horticultura de coivara, com predomínio da mandioca-doce, ceramistas, consumidores de chicha – cerveja feita do milho ou da mandioca.
Como observa Fernando de Almeida, (...) havia dois tipos de redes pré-coloniais: a primeira relacionada a grupos ribeirinhos, especializadas em trocas de longa distância, que comercializavam objetos desde as terras altas andinas até a Amazônia Central (...), e outra rede que conectaria os grupos ribeirinhos e os grupos do interflúvio. Durante o período colonial, essas redes foram interrompidas. Os europeus que navegaram pelos rios da Amazônia aludiram à existência de caminhos fluviais que conectavam aldeias e “províncias” distantes numa vasta rede ameríndia (...)
O primeiro europeu a noticiar a foz do rio Madeira foi o frei da ordem de São Domingo de Gusmão, Gaspar de Carjaval, que acompanhou o capitão Francisco de Orellana, que partiu de Quito com 200 espanhóis e aproximadamente 4.000 índios em expedição realizada entre 1541 e 1542. [Carjaval observou:]
'Não tínhamos navegado nem 4 léguas, quando vimos pela margem direita aparecer um grande e poderoso rio maior ainda do que aquele que nós estávamos, e por ser tão grande denominamo-lo Rio Grande. Nele levantaram-se mais de cinco mil índios com as suas armas, e começam a dar gritos e a desafiar-nos a bater com armas umas nas outras, fazendo um tal ruído que parecia que o rio vinha abaixo.'
(...)
Em 1653, o bandeirante Raposo Tavares, ao navegar pelo rio Madeira, observa densos povoamentos em suas margens:
Quinze dias depois de iniciada a viagem pelo rio (...) não houve um dia em que não vissem algumas [povoações], e geralmente viam muitas todos os dias. Eles viram cidades com 300 cabanas (...) com muitas famílias vivendo em cada uma delas. Calcularam que em uma delas residiam 150 mil almas.
Assim, podemos dizer que até meados do século XVII os relatos europeus estão em consonância com os dados arqueológicos obtidos no rio Madeira: aldeias extensas e praticamente contínuas locadas nas margens, grande densidade populacional, diversidade de línguas e belicosidade dos povos que viviam na região”.
A partir do texto:
(A) Os estudos das margens pré-colombianas do rio Madeira revelam sociedades indígenas complexas, afetadas pela chegada de espanhóis e portugueses na região.
(B) A exploração colonial da bacia hidrográfica amazônica provocou uma maior ocupação de grupos indígenas às margens do rio Madeira.
(C) A imposição do trabalho compulsório indígena foi parte da estratégia colonizadora para a entrada e o mapeamento do território amazônico.
(D) A intensa circulação de pessoas pelos rios amazônicos e a consequente ocupação de suas margens são anteriores à chegada dos europeus na região.
Respostas
respondido por:
5
As alternativas B e C não são corroboradas pelo texto, embora o texto forneça informações que levam a crer que o trabalho indígena, compulsório ou não, era fundamental para mapear o território.
Embora a alternativa A seja verdadeira, não é o objetivo e nem o tema do texto explorar este aspecto da questão de modo que ela não é a alternativa correta.
É correta a alternativa D, pois os estudos arqueológicos e os relatos históricos indicam que havia na região extensa ocupação indígena anterior á chegada dos europeus.
Embora a alternativa A seja verdadeira, não é o objetivo e nem o tema do texto explorar este aspecto da questão de modo que ela não é a alternativa correta.
É correta a alternativa D, pois os estudos arqueológicos e os relatos históricos indicam que havia na região extensa ocupação indígena anterior á chegada dos europeus.
Perguntas similares
6 anos atrás
6 anos atrás
6 anos atrás
8 anos atrás
8 anos atrás
8 anos atrás
9 anos atrás
9 anos atrás