• Matéria: Sociologia
  • Autor: Anônimo
  • Perguntado 7 anos atrás

O Papel Higiênico – Martha Medeiros

Em 2005, publiquei uma crônica sobre um episódio da minha infância. Estava na casa de uma colega de aula. Lá pelas tantas, fui aobanheiro – só havia um. Horas depois, precisei ir ao banheiro de novo, só que le estava ocupado pelo irmão da minha colega. Foi quando ela perguntou se eu me importaria de usar o banheiro da empregada. Lógico que não. Corri para lá, e foi então que vi. O papel higiênico da empregada era diferente do usado pela família. Áspero. Parecia uma lixa. Muito mais barato.

Era costume: comprava-se um papel higiênico macio para os banheiros sociais e outro de pior qualidade para os banheiros de serviço. As relações entre empregados e patrões continuam sendo uma maneira de flagrar preconceitos. Não é por economia que se compra papel higiênico mais ralé para a empregada, ainda que seja este o argumento. É para segmentar as castas. É para manter a hierarquia. É pela manutenção do poder.

Vale para a exigência do uniformetambém. O nome já diz: o objetivo dele é unificar – caso do uso em alguns espaços públicos e coletivos, como escolas e fábricas. Já no caso dos empregados domésticos e particulares, a imposição do uso é para desunificar, ou seja, lembrar”quem é quem”.

Em 1993, morei alguns meses no Chile e minha funcionáriaaceitou ir junto (trabalha comigo há 27 anos). Ela nunca usou uniforme e, chegando lá, se deparou com um quadro incomum: não se via uma única empregada sem usar um guarda-pó. Nem no prédio onde morávamos, nem nas pracinhas, nem no super. Um dia, me pediu para comprar um para ela. Queria fazer amizade. As parceirasestavam achando ela meio besta.

Falamos tanto em acabar com as injustiças sociais e às vezes não conseguimos mudar regras dentro da própria casa. Todos nós temos um potencial revolucionário que pode se manifestar através de pequenos gestos. Só uma eleite conservadora e cafona depende de empregados até nos fins de semana, uniformizados como se estivessem no Palácio de Buckingham e tendo que atender aos caprichos de adolescentes que não levantam do sofá para fazer o próprio sanduíche.

O assunto é bem mais sério e abrangente, mas permeia este aspecto também: o quanto, achando que somos senhorios, não passamos de escravos de uma pretensa superioridade. Pobres de nós e pobre de quem se submete aos nossos delírios de grandeza, quando tudo poderia ser mais simples: eu preciso de sua ajuda e você precisa de trabalho – ninguém é mais importante que ninguém por causa disso. E o papel higiênico tem de ser o mesmo para todos. Essa reivindicação, simbólica, segue valendo13 anos depois daquela crônica. Aliás 130 anos depois.

2. Agora vá ao dicionário e procure o signicado das seguintes palavras (anote no caderno):

Crônica – episódio – áspero – flagrar – preconceitos – ralé – argumento – segmentar – castas – hierarquia – unificar – imposição – desunificar – guarda-pó – abrangente – permeia – submete – senhorios – reivindicação.

3. Pesquise ou interprete – de acordo com o texto – o significado das seguintes expressões (anote no caderno):

Lá pelas tantas; “quem é quem”; minha funcionária; quadro incomum; meio besta; potencial revolucionário; elite conservadora e cafona; como se estivessem no Palácio de Buckingham; caprichos de adolescentes.

4. Explique com suas palavras os trechos:

a. “o quanto, achando que somos senhorios, não passamos de escravos de uma pretensa superioridade”.

b. “Pobres de nós e pobre de quem se submete aos nossos delírios de grandeza”

c. “Aliás, 130 anos depois”.


Anônimo: preciso dela até amanhã de noite

Respostas

respondido por: Liziamarcia
4

2. Agora vá ao dicionário e procure o signicado das seguintes palavras (anote no caderno):

Crônica -- é um tipo de texto que possui uma história curta , engracada , critica é que aparece publicada em um jornal

– episódio –> são os capítulos da Cronica

áspero --> algo de textura grosso que irrita a pele

– flagrar –> pegar em flagrante

Preconceito -->Achar que você é melhor que o outro socialmente preconceitos

– ralé –> pessoa de classe social baixa

argumento –>refutar alguma coisa

segmentar –>dividir em partes

castas –>separação da sociedade em grupos distintos

hierarquia –>divisão de poderes , ou escala social

unificar –> unir

imposição –> algo imposto a você

desunificar –> separar

guarda-pó –> roupa um jaleco com touca e avental

abrangente –> toma todo o espaço

permeia –> passar entre

submete –> aceita as ordens

senhorios –> patrões

reivindicação-->> ordens

3. Pesquise ou interprete – de acordo com o texto – o significado das seguintes expressões (anote no caderno):

Lá pelas tantas;--> depois de algumas horas

“quem é quem”; --> quem é cada um

minha funcionária; > empregada

quadro incomum;--> cena diferente

meio besta; > algo bobo

potencial revolucionário;--> força de revolta

elite conservadora e cafona; --> sociedade antiga e fora de uso

como se estivessem no Palácio de Buckingham;-->> como se as pessoas fossem os reis da Inglaterra

caprichos de adolescentes.--> as vontades bobas dos adolecentes

4. Explique com suas palavras os trechos:

a. “o quanto, achando que somos senhorios, não passamos de escravos de uma pretensa superioridade”.
Nós pensamos que somos donos ( senhorios ) e somos escravos da sociedade

b. “Pobres de nós e pobre de quem se submete aos nossos delírios de grandeza”
Nós não devíamos submeter aos que se acham superiores

c. “Aliás, 130 anos depois”.
130 anos é o tempo que foi dada a libertação dos escravos
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