• Matéria: Português
  • Autor: jarlison37441
  • Perguntado 7 anos atrás

O que você entende por isolamento linguístico ?

Respostas

respondido por: leti73962017
0

Como publicarei os textos aqui em português e inglês, creio que possa ser interessante justificar essa iniciativa – e expandir a justificativa para uma reflexão mais abrangente. Parental Advisory: algumas opiniões nesse post podem ser polêmicas…

Recentemente estudei um pouco de alemão e, contrariamente a todos os comentários que já havia ouvido descrevendo a língua como um bicho-de-sete-cabeças, conforme fui aprendendo algumas de suas funções básicas, as cabeças da quimera foram se desfazendo. Alguns meses de estudo depois – em dissonância até com o professor, que lançava comentários ambíguos, dizendo aos alunos que conseguiriam aprender alemão caso se dedicassem, ao mesmo tempo em que grifava as “dificílimas” peculiaridades da língua –, o bicho já não tinha mais tantas cabeças. Talvez não fosse nem um bicho mais.

Uma tarefa básica dos professores é tentar fazer seus alunos entenderem que, ao aprender uma língua, você está tocando a ponta do iceberg de toda uma cultura, e deve se abrir a ela. Isso significa aprender novos conceitos, de novos gêneros para objetos antigos a formas diferentes de se elaborar as noções temporais. Mas… E se o estudante não percebe isso? E se a pessoa não compreende que deve abrir os olhos e deixar-se apreender mais? Que deve sair de seu isolamento e tentar enxergar o que há mais adiante?

O fardo da língua portuguesa para os brasileiros é uma boa metáfora, replicável a diversos aspectos culturais, tecnológicos e políticos que assolam esse país desde sua “criação” pelos colegas portugueses. Entre muitos autores de língua portuguesa de renome histórico, famosos, premiados, não é incomum um preciosismo, um orgulho engraçado pela persistência no uso de uma língua complicada, cheia de detalhes e regras e exceções às regras, estruturalmente complexa. Sim, com uma língua pesada e densa, cujo léxico total superaria diversas outras em progressão geométrica de volume, é divertido de se brincar. É interessante elaborar com a língua. As possibilidades – de complicação, inclusive – são infinitas. Pode-se até chegar ao ponto de se fingir erudição para impressionar ouvintes ignorantes e, assim, conseguir diversas vantagens – controle, recursos, poder, votos… E depois, é só dar uma espiada com esse viés para a (vergonhosa) história brasileira. Fica até fácil de eliciar daí uma relação entre uma língua “nativa” complexa e os abismos socioeconômicos do país.

Entre as heranças malditas da colonização portuguesa, ficamos com todos os restolhos, mais a língua, em um país rico e de proporções continentais. Por dentro da gênese do brasileiro pós-colonização europeia, a cultura escravocrata, a mansidão, a rédea, o antolho (guarde essa palavra, vou usá-la novamente; parece bem lusa – dá até para imaginar o português com aquele sotaque raspado falando com “vogaish fracash” – ant’lho). Por fora, massas intransponíveis de terras e águas. De um lado, somente água. Do outro, até se encontrar alguém, são alguns milhares de quilômetros de florestas, campos, montanhas. A Amazônia, o Pantanal, até os Andes estão no caminho para se encontrar um coleguinha a oeste que fale espanhol, quéchua ou alguma outra língua (valem parênteses aqui para lembrar a fronteira mais “permeável” a contatos diretos com outros países, nos estados do sul do país, que não por acaso passaram por num processo histórico diferente, mas a elaboração vai ficar para outra postagem por contenção espacial). Assim, simplificando porcamente, sem pressão cultural à sua volta, o Brasil foi se constituiu como uma grande ilha de falantes de língua portuguesa. “Falar espanhol? Por quê? Em função das vizinhanças?… Mas isso é hipotético, o país é bem grande – Acaba que não usa – então fica no portunhol mesmo, quebra um galho, vai saber se vai ser realmente necessário??”

Agtro post). Desde que o país se tornou cliente oficial dos Estados Unidos e

Perguntas similares