A vantagem das regras de gramática sobre as leis do
trânsito é que aquelas permitem que um erro possa, pelo
uso, virar acerto. O que seria de nós se não fosse o latim
vulgar! Me desculpe, mas foi graças à contribuição milionária
dos erros modernistas que eu hoje posso começar uma
frase com pronome oblíquo. Não aceito a tese populista que
aceita qualquer barbarismo desde que venha do povo. Mas
também não quero ficar solicitando o endosso dos clássicos
para construir uma frase. Entre Wanderley Luxemburgo e
mestre Antônio Houaiss deve haver lugar para o meio-termo.
O ex-presidente Jânio Quadros tentava falar o português
castiço usando o pedantismo e a empolação. Um dia, depois
de cometer uma de suas mesóclises – algo como “fá-lo-ia” –,
ele parou, refletiu sobre o que acabara de pronunciar, olhou
para Fernando Sabino a seu lado e disse, pausadamente,
escandindo as sílabas, conforme seu divertido estilo: “P.q.p.,
Fernando, que língua, a nossa!”
(...)
VENTURA, Zuenir. P*q*p*, que língua a nossa!, Jornal do Brasil, 22 jul. 1998.
“Me desculpe, mas foi graças à contribuição milionária
dos erros modernistas que eu hoje posso começar uma
frase com pronome oblíquo.”
O pronome “me” foi colocado pelo autor em destaque na
passagem acima porque ele
a)_Quer provocar, com ironia, o interlocutor, usando o
pronome de forma deliberadamente errada.
b)_Quer chamar a atenção para o seu emprego,
exemplificativo da afirmação que está fazendo.
c)_Pretende colocar em destaque a única forma válida para
a colocação do pronome oblíquo em nossa língua.
d)_ Deseja impor ao interlocutor esse emprego pronominal,
que mesmo o movimento modernista repudiou.
e)_Pretende questionar a tese populista “que aceita
qualquer barbarismo desde que venha do povo”.
Respostas
Olá,
Temos como correta a Alternativa B. Torna-se pertinente analisar que o texto redigido por Zuenir Ventura tem como proposta discorrer acerca do uso gramatical na língua portuguesa, seja por meio da comunicação verbal ou escrita, de modo ao qual o autor apresenta uma defesa de que não tende a pender-se ao excessivismo da correção, porém não apresenta um linguajar chulo e sem coesão, deliberadamente errado.
Assim, ao empregar-se o a expressão "me desculpe" nota-se um erro gramatical, irônica e propositalmente aplicada por Ventura. Haja vista que ocorre-se um erro com a colocação pronominal, uma vez que não se pode começar uma frase com o pronome oblíquo átono, aos quais devem ser colocados antes do verbo, quando houver uma palavra atrativa.
Assim, realizando tal erro, o autor ainda exibe seu domínio sobre a norma portuguesa em toda a estrutura e transmissão de ideia de seu texto, afirmando seu ponto de vista que nenhum extremismo é necessário, desde que haja uma compreensão do conteúdo e uma certa dosagem da linguagem culta e informal.
Bons estudos!
A única alternativa que seria viável nesta questão seria alternativa B
O autor faz a defesa em seu texto ,de uma proposta ,
-de falar sobre o uso da gramática da língua portuguesa -como deve ser feita a comunicação verbal escrita
-de sempre nao apresentar um linguajar sem coesão deliberadamente errado .