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A mesma mensagem vem de ambas, da antiga filosofia grega e da raja ioga. Um dos principais aspectos da raja ioga é que nós nos esquecemos de nossa verdadeira natureza e consideramos nosso corpo como sendo o “eu real”, quando o “eu verdadeiro” é a força motriz, a energia consciente dentro desse corpo. Em outras palavras, o corpo é a sombra, e a energia consciente, ou a alma, é a fonte de nossos pensamentos e sentimentos. A fonte da vida é que é real. Isso se aplica ao mundo inteiro a nossa volta, pois misturamos os objetos temporários e sem vida própria com suas formas eternas. O foco principal na meditação raja ioga é educar o eu com entendimento espiritual e sabedoria, de forma que possamos retornar ao nosso estado original de clareza e verdade, ao cultivar um estágio de consciência mais elevado, baseado em qualidades espirituais eternas, que são a nossa natureza verdadeira.
O ser humano vive uma grande angústia: a de saber que um dia, tudo o que ele vive terá um fim. Como lidar com isso?
É uma tendência da natureza humana considerar as coisas temporárias como de menor valor. Todo esse mundo que nos rodeia, incluindo nosso próprio corpo, está se esvaindo em frente aos nossos olhos, mas se tirarmos um tempo para olhar para dentro e refletirmos sobre aspectos da dimensão espiritual, perceberemos, ou nos lembraremos, que há uma parte de nós que é capaz de observar esse mundo físico e perecível. Esse observador é o eu verdadeiro, a fonte da consciência que permanece estável nesse processo de mudança constante, até o eventual fim dos vários aspectos desse mundo físico. O observador é o eu eterno e verdadeiro. Ao experimentar os vários estágios da mente, baseado no entendimento do eu verdadeiro, sou capaz de experimentar aquilo que palavras que pertencem à dimensão física só podem descrever aproximadamente. Por exemplo, não importa o quanto tentemos descrever um lugar, ou mesmo se temos o melhor mapa para nos guiar até um certo local, só teremos certeza e poderemos conhecer o lugar de fato se usarmos dessa indicação e fizermos o esforço de ir até lá. Então não haverá mais margens para dúvidas, confusão ou mesmo mal-entendidos sobre o lugar. Isso se aplica tanto à experiência física quanto à experiência espiritual.
Como sair da caverna?
Em sua alegoria da caverna, Platão torna muito claro que somos todos como prisioneiros que viveram toda a vida na caverna das nossas percepções e das crenças limitadas, baseadas no mundo físico a nossa volta. Estamos presos ao mundo físico, que, constantemente, vemos por meio de nossos sentidos, e às opiniões que formamos com base nesse mundo material e temporário. À medida que repetimos essas opiniões, interpretações e crenças, elas se tornam hábitos mais e mais arraigados, com sentimentos associados, que, de certa forma, se tornam nossa “segunda natureza falsa”, à medida que continuamos a utilizá-los. Assim, sentimentos como medo, apego, raiva, ansiedade, tristeza etc. parecem naturais e normais, mas, na verdade, são completamente estranhos a nossa natureza original e verdadeira. O primeiro passo é perceber o que aconteceu conosco e entender que, de fato, estamos vivendo numa prisão de percepção. Temos que recuperar a clareza sobre o que é real e o que é ilusão e, para isso, precisamos dos lembretes e da orientação corretos, isso é, da educação espiritual, que vai nos ajudar a lembrar e descobrir aquilo que já existe e sempre existiu dentro de nós. Assim, nos conectamos com a nossa natureza verdadeira, que é a única realidade eterna.
Como encontrar a luz?
Precisamos aprender como controlar a nossa mente, que está cheia desses padrões habituais e rápidos, e entrar em contato com o silêncio interior, que, por sua vez, está pleno de qualidades originais como: amor, paz, felicidade, poder. Isso é similar ao mundo das formas e das ideias de Platão. Para sairmos da caverna, precisamos estar abertos, ter vontade e coragem suficientes para largar todos os velhos padrões de pensamentos e sentimentos e passar a experimentar com outros paradigmas, a partir de uma consciência mais elevada. Precisamos de tudo isso para sermos capazes de soltar essa rede de sentimentos negativos que até agora eram nosso único suporte e a única forma pela qual tínhamos uma sensação de estarmos vivos, algum senso de identidade, de pertencer, de segurança. Para sermos capazes de mergulhar profundamente, precisamos de comprometimento para experimentar essas novas formas de percepção com regularidade e constância, e isso nos capacitará a continuamente adicionarmos momentos de verdade em nossa vida cotidiana, até que esse estado se torne natural uma vez mais. O mundo da realidade eterna, que só pode ser experimentado por alguém que agora está livre e desperto. E, quando isso acontece, o milagre da vida, a sincronicidade começa a atuar, e entramos no fluxo da realidade.