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Olá!
Em 1992 foi lançado o livro “O fim da história e o último homem”, por Francis Fukuyama. Este livro, criticado por muitos, foi escrito durante os eventos que levaram à queda do muro de Berlim (1989) e ao fim da União Soviética (1991) – época portanto que mostraram as contradições e os problemas do mundo socialista.
No livro, Fukuyama faz uma análise histórica e econômica do homem, passando, por exemplo, por Platão, Nietzsche, Kant, Locke, Marx e Hegel (deste toma a ideia de que o homem é um ser que luta por reconhecimento) para desenvolver sua tese principal. De acordo com ela, de todos os regimes políticos surgidos na história humana, a democracia liberal foi o modelo que se manteve mais intacto e emergiu vitorioso por ter como elemento-chave a noção de soberania popular em contraposição às pretensões universalistas e totalitárias das demais ideologias.
Em outras palavras, o capitalismo e a democracia seriam o coroamento da história da humanidade. O modelo econômico liberal seria o melhor caminho para os países civilizados, o último estágio de avanço econômico mundial, a solução final, democracia e economia de mercado seria a melhor combinação ao alcance das mãos.
Entender o que é o “fim da história” para Fukuyama já nos faz concluir porque a sua teoria é falha. O “fim da história” representa o último estágio de avanço econômico, uma sociedade tecnológica que pudesse suprir todas as necessidades humanas.
Atingindo este estágio, ocorreria o fim do desenvolvimento dos princípios e das instituições básicas, pois todas as questões realmente importantes estariam resolvidas – seria um Poder Público eficiente. Inclusive, haveria menos disposição para as guerras, pois haveria o reconhecimento recíproco da legitimidade entre todas as nações, os conflitos de classe seriam resolvidos e traria melhores condições econômicas para grupos sociais ou países, pois seria garantido o reconhecimento a todos os cidadãos – garantia de aplicação das leis para todos de forma igualitária.
A democracia liberal superaria todas as outras estruturas econômicas e sociais de Estado. Esse novo mundo baseado na vitória do liberalismo sobre o socialismo, primaria pela liberdade e pela fartura de todos os povos que dele fizessem parte – é a credibilidade democrática. O maior representante desse sucesso seria os EUA.
A partir destas considerações, a teoria do “fim da história” é falha porque, entre tantos fatores:
- a democracia liberal não é legítima para todos os povos: existiu e existem ainda muitos conflitos étnicos e religiosos. Há o crescimento da intolerância e de novas polarizações ideológicas, e um exemplo são os terroristas do Oriente Médio.
- a política externa americana tem encoberto um perfil claramente expansionista. Por exemplo, o caso de bombardeios preventivos no Iraque, a Guerra na Síria, o caso do Irã, os ataques contra alvos civis palestinos promovidos pelo governo de Israel. Se houvesse preocupações humanitárias legitimas, os EUA teriam tomado atitudes diferentes.
- os EUA se retiraram de importantes acordos internacionais nos últimos governos.
- a própria China, que hoje é o maior exemplo de como a teoria de Fukuyama está errada, por ser o país que representa a maior ameaça para a supremacia da ampla democracia liberal e o que apresenta maior desenvolvimento econômico.
Estes são apenas alguns pontos que demonstram as falhas da teoria do “fim da história” de Fukuyama. Nos dias de hoje, este autor admite que o “fim da história” ainda não aconteceu e que a democracia liberal apresenta sim concorrência, e ainda acredita na formação de um estado moderno impessoal e democrático, que marcaria o fim das polarizações entre formas de governo e levaria, de uma vez por todas, ao “fim da história”.
Espero ter ajudado! Bons estudos!