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Na tela encontram-se três relógios que marcam diferentes horas, tendo como fundo a paisagem de Porto Liligat, localizado no norte da Espanha, memória de infância de Dali. Segundo o próprio autor, a imagem dos relógios derivam de um queijo camembert que observava enquanto pintava. As formas sensuais, têm uma evidente conotação sexual e no centro do quadro, estendido sobre uma pedra, esta algo que simula o retrato do artista.
Dali via os relógios como instrumentos normalizados e exatos que traduziam de forma objetiva a passagem do tempo. O fato de os dotar de formas orgânicas remete-os para o universo de prazer, recordando a dimensão fugidia do tempo e o sentido de ambiguidade que a evolução temporal introduz pelo cruzamento da percepção da realidade com a casualidade e inexplicabilidade da memória.
Esta pintura traduz o interesse do pintor pelas conquistas da ciência moderna, cruzando as teorias mais abstratas de física, como a “relatividade” de Eistein, as pesquisas sobre inconsciente coletivo, de Freud e a importância dos fenômenos dos sonhos.
De um ponto de vista técnico, esta pintura, assim como grande parte das criações de Dali, perseguem um enorme virtuosismo e meticulosidade no desenho das formas e na representação dos pormenores, com objetivo de obter atmosferas dotadas de grande realismo, daí o frequente alinhamento desta fase criativa com o Surrealismo.