presença de imagem cistica com intensidade de sinal de liquor em todas as sequências de pulso, inclusive difusão, alguém sabe me dizer o q isso significa???
Respostas
Introdução: As doenças cerebrovasculares caracterizam-se por processos patológicos dos vasos sanguíneos em uma área do encéfalo, afetada por quadro de isquemia ou hemorragia(1). Os acidentes vasculares cerebrais isquêmicos (AVCI) são os mais freqüentes dentre estas desordens e a ressonância magnética (RM) vem-se definindo como importante instrumento de avaliação deste subtipo de patologia vascular. Objetivou-se, assim, um estudo por revisão em literatura, sobre as seqüências e protocolos de RM na avaliação do paciente com AVCI. Revisão: Dados epidemiológicos apontam que os AVCs são a terceira causa de morte em países desenvolvidos. No Brasil, segundo dados do IBGE, é uma das causas mais freqüentes de óbito na população adulta, tendo inclusive superado as doenças cardiovasculares(2,3). Cerca de 70% dos casos de AVCs são isquêmicos(3). As principais seqüências de RM na avaliação do AVCI são: T1, T2, FLAIR, gradiente eco, difusão (DWI) e perfusão (PWI)(4), bem como a seqüência de angiorressonância, que tem ganhado importância no planejamento da terapia trombolítica intra-arterial, por cateterismo. A sensibilidade e a especificidade na detecção do AVCI variam, respectivamente, de 100% e 85% para DWI, 18% e 100% para seqüências convencionais em RM, e 4% e 100% para TC(5). Discussão: A RM apresenta maior acurácia no diagnóstico do AVCI quando comparada à TC. Seqüências em T2 são capazes de demonstrar tecido enfartado, mas falham ao avaliar a isquemia regional aguda. Na seqüência de difusão (DWI), entretanto, as áreas de alta restrição de difusão dos prótons da água, correspondentes ao território isquêmico afetados pelo edema citotóxico e vasogênico, são diferenciadas como zonas de hipersinal. A DWI utiliza pulsos de gradiente eco e fast spin eco(6). Detecção de mudança de sinal ocorre quando a isquemia corresponde à diminuição no coeficiente de difusão aparente (ADC) em aproximadamente 6µm/40ms(7). A sensibilidade da DWI é definida pelo parâmetro “b”; dado como função da razão giromagnética (γ), duração do gradiente (δ), amplitude do gradiente (G) e intervalo de difusão dos gradientes (tdiff), sendo: (b = γt2 δ2 G2 tdiff). Os valores de “b” vão de 500s/mm2 a 1.000s/mm2(8). Seqüências de perfusão (PWI) são obtidas por imagens ecoplanares (EPI) através de infusão de contraste paramagnético IV em 5cc/s(9); definindo o fluxo vascular. Estas seqüências, quando associadas à DWI, permitem identificar área de penumbra e mismatch correspondentes à região de hipoperfusão periférica ao infarto, mas ainda viável a reperfusão. Subsidia desta forma, efetivas manobras por terapia trombolítica em AVCI com janelas de até 6 horas pós-íctus. Novas seqüências de imagem difusão-tensor (DTI) fornecem informações adicionais sobre evolução temporal e espacial da isquemia, possuem habilidade em distinguir alterações entre substância branca e cinzenta e a resposta destes tecidos frente à lesão. A DTI utiliza três eixos de gradiente no vetor do campo magnético(10). A associação de multiparâmetros e seqüências DWI, PWI e DTI vêm definindo-se como potenciais ferramentas de alta eficiência no diagnóstico e prognóstico da isquemia cerebral. Referências: 1. Whisnant JP, et al. Classification cerebrovascular disease III. Stroke 1990;21:637–676. 2. Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares. Primeiro consenso brasileiro no tratamento da fase aguda do acidente vascular cerebral. Redatores: Gagliard RJ, et al. Arq Neuropsiquiatr 2001;59:972–980. 3. Lessa I. Epidemiologia das doenças cerebrovasculares no Brasil. Rev Soc Cardiol Est SP 1999;4:509–518. 4. PACTO-AVC. Programa de aperfeiçoamento continuado no tratamento do acidente vascular cerebral – isquêmico e hemorrágico. Coordenadores: Moro CHC, Fábio SRC, 2007. 5. Hjort N, Butcher K, Davis MS, et al. UCLA thrombolysis investigators. Magnetic resonance imaging criteria for thrombolysis in acute cerebral infarct. Stroke 2005;36:388–397. 6. Westerbrook C, Kaut C. Ressonância magnética prática. 2ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2002. 7. Beauchamp NJ Jr, Ulug AM. MR diffusion imaging in stroke: review and controversies. RadioGraphics 1998;1269–1283. 8. Ashok S, Goyal M, Al Azri F. State-of-the art. Imaging of acute stroke. Clinical application. RadioGraphics 2006;26:S75–S95. 9. Camargo ES, Koroshetz WJ. Neuroimaging of ischemia and infarction. Neuro RX J. The American Society for Experimental Neurotherapeutics, American Society Neurotherapeutics 2005;2:265–276. 10. Sotak CH. The role of diffusion tensor imaging in the evaluation of ischemic brain injury – a review. NMR Biomedicine 2002;15:561–569.