• Matéria: História
  • Autor: nataliadh1ovtp6f
  • Perguntado 7 anos atrás

Sobre o filme "Tróia", fale sobre o cotidiano dos Troianos

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respondido por: meiriellecastro
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Na imaginação dos gregos, o destino do mundo foi decidido diante das muralhas de Tróia. Até os deuses desceram do Olimpo e derramaram seu sangue na tentativa de defender ou arrasar a cidadela do rei Príamo. Como nós fazemos hoje com o nascimento de Cristo, a história humana passou a ser medida em anos antes e depois da Guerra de Tróia. Aquiles, Heitor, Ulisses, Enéias viraram a medida do que é ser um herói, os nomes que toda criança aprendia a admirar e imitar.

Claro, não há a menor garantia de que esses sujeitos tenham existido, muito menos a linda Helena, o sedutor Páris ou o marido traído Menelau. No entanto, cada vez mais fica claro que algo grande realmente aconteceu naquela esquina da

Europa com a Ásia, onde hoje está a Turquia – talvez o estopim de uma explosão que pôs fim ao mundo como os povos antigos o conheceram por milênios e deu origem ao mundo no qual vivemos. Uns 50 anos depois que Tróia caiu, praticamente todas as grandes cidades na orla do Mediterrâneo oriental ou tinham virado cinza ou passavam pelo pior aperto de sua história. A confusão encerrou de vez a longa Idade do Bronze e o poderio dos impérios da época. Há quem diga que a catástrofe tenha sido mais marcante que a queda de Roma. O que sobrou no lugar continha, entre os escombros, as sementes das idéias que formaram nossa civilização – a filosofia grega, o judaísmo e o cristianismo, a noção de democracia, a valorização do indivíduo. Enfim, a cultura ocidental.

A lenda

Reconstruir a guerra depois de 3 200 anos (ela deve ter acontecido no fim do século 13 a.C.) é tarefa para semideuses. Melhor avisar logo: não se sabe o que aconteceu lá. A Ilíada de Homero, um dos grandes livros da história, no qual foi baseada a superprodução Tróia, que estréia no cinema este mês, não ajuda muito. Homero, se é que existiu (veja no quadro ao fim da página), nem viu o conflito. Ele teria composto a Ilíada e a Odisséia (outro épico, que narra a jornada de volta de um soldado após a guerra) mais de 400 anos depois dos combates, baseando-se em relatos orais. Ou seja, a Ilíada não é um documento histórico confiável – além de se limitar a 40 ou 50 dias de um conflito de dez anos.

Para benefício de quem não está com pique para encarar os milhares de versos da Ilíada, aqui vai um resumo. Tudo começa no casamento do herói Peleu com a deusa Tétis, ao qual compareceram em peso as divindades do Olimpo. Éris, a deusa da discórdia, foi à festa com uma fruta de ouro que levava a inscrição “à mais bela”. Instaurou-se a ciumeira entre as três principais deusas: Afrodite (do amor), Atena (da sabedoria e da guerra) e Hera (a mulher do chefão Zeus). Todas queriam a fruta e acabaram escolhendo como juiz um mortal, o pastor troiano Alexandre, que tinha fama de honesto.

No que dependesse da vontade dos governantes, essa situação podia durar para sempre. No entanto, à medida que o século 13 a.C. se aproximava do fim, a destruição se espalhou pelo Oriente Médio. Tróia foi só a primeira a cair. “Todos os sítios importantes que conhecemos na Anatólia sofreram algum grau de destruição nessa época”, afirma o historiador americano Robert Drews, pesquisador da Universidade Vanderbilt e autor de The End of the Bronze Age (“O Fim da Idade do Bronze”, sem versão em português);

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