Aluna: Saionara Aparecida Sant’Ana dos Santos Professor: Edmar Garcia Nicole Escola: E. E. E. F. M. Irineu Morello.
Gotas de chuva... leve barulho da saudade.
Mais uma vez sinto o calor da lembrança, e o calafrio da saudade... Meu ser anuncia a hora de relembrar o maravilhoso tempo de criança, as ideias inesquecíveis, brincadeiras memoráveis e contagiantes daquele tempo....
Bons tempos aqueles: morávamos num lugar pequeno, cheio de matas e animais, casas rústicas, construídas pelos moradores com paredes de pau a pique – um trançado de ripas como estrutura para fixar o barro batido nos buracos. Hoje as casas são de alvenaria, as matas desapareceram e com elas os animais. O lugar é chamado de Córrego Baixo Moacir, município de Governador Lindenberg, interior do Espírito Santo.
Naquela época, com movimentos rápidos das mãos, víamos a agulha franzir o babado: era nossa mãe costurando nossos vestidos para irmos à missa aos domingos. Nossos olhares de crianças puras brilhavam feito pequenas esmeraldas, curiosos em saber qual seria o modelo mais belo. Agora o carinho das mãos habilidosas de nossa mãe foi substituído pela frieza das máquinas. Logo após a missa, na estrada de terra – esta pelo menos ainda existe! –, voltávamos a pé e lá de longe já sentíamos o cheiro do frango caipira, coradinho com a tinta retirada dos fartos pés de urucum que vovô socava no pilão. O frango era acompanhado pela polenta, uma herança da cultura italiana. O aroma que vinha da janela da casa da vovó era convidativo e fazia com que apressássemos o passo. Eu estimava os dias de chuva, quando bastava ouvir um leve toque anunciando que a festa ia começar. Era só abrir a porta e meus amigos transformavam-se em “campainhas”, cujo barulho de felicidade era demonstrado aos berros, ao sentir o prazer de cada gota caindo sobre seus corpos, que refrescava a alma. A chuva caía vagarosamente e num passe de mágica transformava-se numa cachoeiras em gotas. Mas nós não estávamos satisfeitos e bastava a distração dos familiares para que corrêssemos estrada afora e de poça em poça descobríssemos mais um mistério. Esses eram os dias de que mais gostávamos: os mágicos dias de chuva, que hoje já não são tão frequentes.
Já nos dia em que o sol recobria o telhado de palha de coqueiro, feito por nossas pequenas mãos, nossa diversão era construir nossos próprios brinquedos. Tudo era utilizado: pequenos frutos e pedaços de gravetos. Carretéis e madeira eram usados para fazer os carrinhos, também brincávamos de bonecas costuradas com palha e sabugo de milho colhidos no quintal, o que hoje já não acontece, pois as crianças de agora pensam somente nos brinquedos falantes, jogos eletrônicos e em tudo o que não desperta a curiosidade, a inteligência, e faz com que não usem suas mãos para inventar e construir, preferindo apertar somente um botão.
Nos fins de semana, reunia os amigos para colhermos frutos e degustá-los. Uma delícia! Hoje os frutos são poucos e quando não contaminados pelo excesso de agrotóxicos nas lavouras. Nossas roupas branquinhas passadas a ferro em brasa – até então não existia energia elétrica –, os vestidos engomados com uma mistura de água e polvilho, muito usada na época, estavam completamente sujos, o que nos rendiam alguns sermões de nossas mães. E, assim, após o banho, eu ia à casa da vovó ouvir o vovô contar histórias relembrando seu passado, suas memórias, que me faziam adormecer em sonhos, saboreando as primícias de uma infância bem vivida.
(Texto baseado na entrevista feita com a Sra. Olga Bertti Sant’Ana, 68 anos.)
Parte 2:
1) O que a personagem nos dias de chuva? Retire uma frase do texto que comprove sua resposta.
2) E nos dias de sol, o que a personagem fazia? O que construía?
3) Segundo a personagem, o que as crianças de hoje gostam?
4) De acordo com a personagem o que há de diferente entre os frutos de hoje e da época de sua infância?
5) O que a personagem fala em relação às roupas que usavam?
6) O que a personagem costumava fazer depois do banho?
7) Qual é o sentimento que a personagem nos transmite ao falar de seu passado? Retire uma frase do texto que comprove a sua reaposta.
8) Justifique o título do texto.
Respostas
1 - Eu estimava os dias de chuva, quando bastava ouvir um leve toque anunciando que a festa ia começar. Era só abrir a porta e meus amigos transformavam-se em “campainhas”, cujo barulho de felicidade era demonstrado aos berros, ao sentir o prazer de cada gota caindo sobre seus corpos, que refrescava a alma. A chuva caía vagarosamente e num passe de mágica transformava-se numa cachoeiras em gotas. Mas nós não estávamos satisfeitos e bastava a distração dos familiares para que corrêssemos estrada afora e de poça em poça descobríssemos mais um mistério.
2 -Já nos dia em que o sol recobria o telhado de palha de coqueiro, feito por nossas pequenas mãos, nossa diversão era construir nossos próprios brinquedos. Tudo era utilizado: pequenos frutos e pedaços de gravetos. Carretéis e madeira eram usados para fazer os carrinhos, também brincávamos de bonecas costuradas com palha e sabugo de milho colhidos no quintal
3- o que hoje já não acontece, pois as crianças de agora pensam somente nos brinquedos falantes, jogos eletrônicos e em tudo o que não desperta a curiosidade, a inteligência, e faz com que não usem suas mãos para inventar e construir, preferindo apertar somente um botão.
4-Hoje os frutos são poucos e quando não contaminados pelo excesso de agrotóxicos nas lavouras.
5- Nossas roupas branquinhas passadas a ferro em brasa – até então não existia energia elétrica –, os vestidos engomados com uma mistura de água e polvilho, muito usada na época, estavam completamente sujos, o que nos rendiam alguns sermões de nossas mães.
6- E, assim, após o banho, eu ia à casa da vovó ouvir o vovô contar histórias relembrando seu passado, suas memórias, que me faziam adormecer em sonhos, saboreando as primícias de uma infância bem vivida.
7- Mais uma vez sinto o calor da lembrança, e o calafrio da saudade... Meu ser anuncia a hora de relembrar o maravilhoso tempo de criança, as ideias inesquecíveis, brincadeiras memoráveis e contagiantes daquele tempo....
8 – Ecos do passado. Saudades da época de infância. Nostalgia.