ae gente alguem pode me ajuda a caracterizar alguma coisa nesse poema aqui
Vozes-Mulheres
A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
ecoou lamentos
de uma infância perdida.
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela.
A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e
fome.
A voz de minha filha
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdade.
Respostas
A triste voz de minha jovem bisavó
ecoou criança
nos porões infectos do navio negreiro.
ecoou lamentos
de uma linda infância perdida.
A voz chorosa de minha avó
ecoou fiel obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz apertada de minha pobre mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das grandes cozinhas alheias
debaixo das enormes trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela abandonada.
A minha voz embargada ainda
ecoa longos versos perplexos
com rimas de sangue vermelho
e
fome imensa.
A voz de minha filha
recolhe todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdad