Há décadas atrás crianças ouvintes que nasciam em lares com pais surdos eram chamados em inglês de HCDPs (Hearing Children with Deaf Parents), ou seja: Crianças Ouvintes com Pais Surdos. A partir de 1980, o termo ganhou popularidade, funda-se a organização internacional Children of Deaf Adults, Inc (CODA), sediada nos EUA. O termo é empregado em diversos países, inclusive no Brasil. Os Codas são usuários nativos da língua de sinais, são comumente bilíngues (duas línguas) e biculturais (hibridizam entre duas culturas, mas a cultura surda é mais forte, por causa dos pais). Catarina é Coda (Children of Deaf Adults ), ou filho ouvinte que nasceu num lar com pais surdos; tem 7 anos e foi matriculado em uma escola pública em uma sala com mais 19 alunos. A professora tem reclamado que durante as aulas, Catarina mostra-se muito distraída, dificilmente compreende o que a professora lhe diz, não interage com os demais colegas, anda arrastando ou batendo os pés no chão. Junto com a equipe pedagógica, decidem chamar os pais para uma reunião, a professora surpreende-se quando os pais da estudante chegam, pois não havia se dado conta que Catarina era filha de surdos. A pedagoga e a professora apresentaram dificuldades em se comunicar, mas com apoio de um intérprete e outra professora especialista em surdos, puderam informar das necessidades de Catarina para a aprendizagem. Sabendo que Catarina é Coda, filha ouvinte de pais surdos e com base na essência visual que caracteriza a cultura surda, quais dicas a professora e intérprete poderiam passar para auxiliar essa professora do ensino regular a elaborar estratégias de trabalho que chame a atenção da estudante? Elabore um texto sobre o assunto.
Respostas
Olá,
Por Catarina ser uma aluna coda (Children of Deaf Adults), isto é, filha de pais surdos, possui duas culturas, prevalecendo a surda, visto que desde sua criação e desenvolvimento, seus laços afetivos e convivência sempre foram predominante no mundo dos surdos, o que faz com que seu sistema referencial seja preferencialmente o visual.
Ou seja, no processo de comunicação os sons e a oralidade não lhe chamam tanto a atenção quanto a linguagem não verbal, os sinais e os aspectos visuais como um todo. Por isso, ela possui dificuldades de interação e socialização com outros alunos.
Além disso, fica mais difícil ela prestar atenção nas aulas sendo que a audição se tornou um sentido secundário em sua comunicação. Por Catarina ser Coda, a professora deveria utilizar-se de elementos e atividades que estimulassem a visão de Catarina, como o uso de fotografias, vídeos, a linguagem escrita e o uso da linguagem não verbal no processo de comunicação.
Para complementar sua comunicação e conversar de forma mais eficiente com Catarina, a professora do ensino regular poderia aprender a linguagem de sinais, isso seria de grande valia.
Espero ter ajudado!