Leia o texto e, a seguir, responda as atividades 1 e 2.
Língua portuguesa
Olavo Bilac
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o tom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Disponível em:
poema-lingua-portuguesa/>. Acesso em: 20 out. 2017.
1. Os poetas parnasianos defendem a ideia de que a arte não deve ser excessiva, sentimental, muito
menos usada como entretenimento; a arte parnasiana não deveria ter outra finalidade senão a própria
arte, sua forma, sua beleza. Muitos leitores dessa época não se interessavam por assuntos profundos,
preocupavam-se sobretudo com a rima, a beleza, a forma perfeita.
a) Quais figuras de linguagem o poeta utilizou neste poema? Explique.
b) Qual o efeito de sentido provocado por cada figura utilizada?
2. As palavras “esplendor” e “sepultura” do poema de Olavo Bilac podem ser analisadas, nos planos
sintático e expressivo. Examine a primeira estrofe sob estes dois aspectos e, a seguir, indique:
a) a função sintática exercida pelas palavras, “esplendor” e “sepultura” na oração em que se encontram.
b) a figura (recurso expressivo) realizada pela aproximação desses dois vocábulos.
c) o paralelismo sintático, é uma sequência de estruturas sintáticas, como termos e orações, que são
semelhantes ou possuem igual valor sintático. O uso de estruturas com essa simetria sintática confere
clareza, objetividade e precisão ao discurso. Nestes versos do poema, aponte esse paralelismo e
justifique sua resposta.
“Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura”
Respostas
1.
a) No poema, o poeta utilizou a metáfora "última flor do Lácio" para se referir à língua portuguesa, que foi a última língua formada a partir do latim vulgar. Também ocorre metáfora no verso "Ouro nativo, que na ganga impura / A bruta mina entre os cascalhos vela", em que ele compara a língua com uma mina bruta à espera de lapidação.
Há ainda paradoxo ao usar os termos opostos "esplendor e sepultura" para caracterizar à língua portuguesa (esplendor porque é uma língua que nasce; sepultura porque, com o uso do português, o latim vai "morrendo").
b) Essas figuras de linguagem ajudam a enfatizar a exaltação da língua portuguesa, que apesar de ainda ser bruta (não estar totalmente pronta), encanta-o por ser recente, "virgem" (ainda não explorada) e bela.
2.
a) "Esplendor" e "sepultura" exercem função sintática de predicativo do sujeito (tu), caracterizando a língua portuguesa.
b) "Esplendor" e "sepultura" apresentam sentidos opostos (nascimento e morte). Logo, a figura de linguagem é antítese.
c) A estrutura apresenta paralelismo sintático, pois todos os termos finais são predicativos do sujeito. No primeiro verso, esse predicativo é representado por adjetivos (inculta e bela); no segundo, é representado por substantivos (esplendor e sepultura).
Que Figura A Autora Utiliza Nesse Poema Para Fala Sobre Delicadeza