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O período que vai de 1920 a 1929 é conhecido como “entre guerras” e foi época de
consolidação dos Estados Unidos como grande potência mundial, freado apenas pelo crack da bolsa
de valores de Nova York, em 1929. O crack teve reflexo em todo o mundo, inclusive na Europa,
que ainda se recuperava das perdas sofridas durante a primeira Guerra Mundial.
No Brasil, a década de 20 ficou marcada pela semana de arte moderna, em 1922. O objetivo
da semana era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade de São Paulo, com "a perfeita
demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de
vista rigorosamente atual"1, como informava o Correio Paulistano a 29 de janeiro de 1922. Poetas
como Anita Malfatti, Di Cavalcante, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira
tiveram participação marcante no movimento. Mas não foi só a arte que trouxe “modernidade” ao
Brasil. Com a transferência da capital federal para o Rio de Janeiro, personalidades da política
reivindicavam mudanças na cidade que pudessem condizer com os novos tempos e com a imagem
que esta possuía perante o mundo. Assim, o cais do porto, as ruas do centro e as áreas pantanosas
deveriam ser reconfigurados e as epidemias, constantes na época, precisavam ser extintas. De
acordo com Brito Broca, jornalista brasileiro da época, a reforma seguiria os moldes parisienses.
O prefeito Pereira Passos teria como meta, ao remodelar o centro da cidade, “emprestar ao Rio uma
fisionomia parisiense, um aspecto de cidade européia”. Com essas mudanças, os hábitos sociais
foram reestruturados, inclusive na importância dada ao consumo. Mudanças estas que foram
ocasionados, também, pelo pós-guerra e pelas novas tecnologias que iam se espalhando
rapidamente entre alguns grupos sociais, devido às transformações comportamentais que eles
geram. Além disso, foi uma década que recebeu grande atenção da historiografia e é considerada
como um período de preocupação com a idéia de moderno.
É nesse contexto de modernidade dos anos 20 que “Madames, mademoiselles,
melindrosas: representações femininas na revista Fon-Fon (1920-1930)” é inserida. O trabalho
da estudante do curso de História Fabiana Macena pretende evidenciar as tensões e ambigüidades
que marcaram a representação moderna da mulher no período de 1920 a 1924 e compreender a
maneira como a mulher é representada na Revista “Fon-Fon”. Sendo “representação” definida por
ela como categorias que os jornalistas desses periódicos se utilizavam para falar e entender as
mulheres da década de 20.
A Fon-Fon circulou de 13 de abril de 1907 a 28 de dezembro de 1945. Ao longo do século
XIX, as revistas ilustradas tornaram-se moda e, sobretudo, ditaram moda e a Fon Fon seguia o
modelo dos periódicos europeus. A revista encarregava-se de oferecer, em primeira mão, as últimas
novidades de Paris, o maior centro de elegância do mundo em matéria de modas femininas e
infantis. Tendo como um de seus editores o escritor e crítico de arte Gonzaga Duque, era marcada
por um grande enfoque na ilustração e formou célebres ilustradores como J. Carlos, Di Cavalcanti,
Raul Pederneiras e Kalixto. O nome dado à revista, “Fon-Fon”, é uma onomatopéia do barulho feito
pela buzina dos automóveis, o que, à priori, nos revela a preocupação com o moderno, o novo, que
é a expressão da época. Concomitantemente, várias publicações foram criadas, como a Revista
Careta, por exemplo. A Revista “Fon-Fon”, desde seu primeiro número, se coloca como uma revista
ágil, leve, em sintonia com os últimos acontecimentos e atualizada com o que acontece no Brasil e
em outros países.
A Revista tratava de moda, estilos e mudanças da sociedade. Mas o enfoque era a vida social
carioca. Dessa forma, ela se torna um importante documento para auxiliar o entendimento das
táticas e relações comportamentais dos atores sociais da época. A ilustração e fotografia eram fortes
ícones presentes, não comuns em outras revistas do mesmo período. Característica que se torna um
diferencial importantíssimo para as leitoras, e faz de Fon-Fon um referencial para pesquisas atuais
sobre comportamento em relação à década de 1920.
A modernização da década em questão é marcada pela ambigüidade. Além de trazer a
preocupação com a idéia de moderno, o período em si foi o esboço, também, uma série de tensões,
como a revisão dos papéis que os homens e as mulheres “deveriam” assumir, entre o moderno e o
tradicional, entre o ideal burguês e os valores da população assalariada. Porém, essa tensão vai
muito além da idéia de dominação, de modernização imposta. Segundo Fabiana, há uma dialética
dúbia entre o que era considerado moderno e o que era tradicional. Ela aponta, ainda, que muitas
vezes o discurso tradicional era utilizado, também pelas próprias mulheres, para tornar evidente seu
papel na sociedade, de dona de casa e mulher do lar.
A França sempre exerceu um grande fascínio no Brasil, mas nunca como na Belle Ép
consolidação dos Estados Unidos como grande potência mundial, freado apenas pelo crack da bolsa
de valores de Nova York, em 1929. O crack teve reflexo em todo o mundo, inclusive na Europa,
que ainda se recuperava das perdas sofridas durante a primeira Guerra Mundial.
No Brasil, a década de 20 ficou marcada pela semana de arte moderna, em 1922. O objetivo
da semana era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade de São Paulo, com "a perfeita
demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de
vista rigorosamente atual"1, como informava o Correio Paulistano a 29 de janeiro de 1922. Poetas
como Anita Malfatti, Di Cavalcante, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira
tiveram participação marcante no movimento. Mas não foi só a arte que trouxe “modernidade” ao
Brasil. Com a transferência da capital federal para o Rio de Janeiro, personalidades da política
reivindicavam mudanças na cidade que pudessem condizer com os novos tempos e com a imagem
que esta possuía perante o mundo. Assim, o cais do porto, as ruas do centro e as áreas pantanosas
deveriam ser reconfigurados e as epidemias, constantes na época, precisavam ser extintas. De
acordo com Brito Broca, jornalista brasileiro da época, a reforma seguiria os moldes parisienses.
O prefeito Pereira Passos teria como meta, ao remodelar o centro da cidade, “emprestar ao Rio uma
fisionomia parisiense, um aspecto de cidade européia”. Com essas mudanças, os hábitos sociais
foram reestruturados, inclusive na importância dada ao consumo. Mudanças estas que foram
ocasionados, também, pelo pós-guerra e pelas novas tecnologias que iam se espalhando
rapidamente entre alguns grupos sociais, devido às transformações comportamentais que eles
geram. Além disso, foi uma década que recebeu grande atenção da historiografia e é considerada
como um período de preocupação com a idéia de moderno.
É nesse contexto de modernidade dos anos 20 que “Madames, mademoiselles,
melindrosas: representações femininas na revista Fon-Fon (1920-1930)” é inserida. O trabalho
da estudante do curso de História Fabiana Macena pretende evidenciar as tensões e ambigüidades
que marcaram a representação moderna da mulher no período de 1920 a 1924 e compreender a
maneira como a mulher é representada na Revista “Fon-Fon”. Sendo “representação” definida por
ela como categorias que os jornalistas desses periódicos se utilizavam para falar e entender as
mulheres da década de 20.
A Fon-Fon circulou de 13 de abril de 1907 a 28 de dezembro de 1945. Ao longo do século
XIX, as revistas ilustradas tornaram-se moda e, sobretudo, ditaram moda e a Fon Fon seguia o
modelo dos periódicos europeus. A revista encarregava-se de oferecer, em primeira mão, as últimas
novidades de Paris, o maior centro de elegância do mundo em matéria de modas femininas e
infantis. Tendo como um de seus editores o escritor e crítico de arte Gonzaga Duque, era marcada
por um grande enfoque na ilustração e formou célebres ilustradores como J. Carlos, Di Cavalcanti,
Raul Pederneiras e Kalixto. O nome dado à revista, “Fon-Fon”, é uma onomatopéia do barulho feito
pela buzina dos automóveis, o que, à priori, nos revela a preocupação com o moderno, o novo, que
é a expressão da época. Concomitantemente, várias publicações foram criadas, como a Revista
Careta, por exemplo. A Revista “Fon-Fon”, desde seu primeiro número, se coloca como uma revista
ágil, leve, em sintonia com os últimos acontecimentos e atualizada com o que acontece no Brasil e
em outros países.
A Revista tratava de moda, estilos e mudanças da sociedade. Mas o enfoque era a vida social
carioca. Dessa forma, ela se torna um importante documento para auxiliar o entendimento das
táticas e relações comportamentais dos atores sociais da época. A ilustração e fotografia eram fortes
ícones presentes, não comuns em outras revistas do mesmo período. Característica que se torna um
diferencial importantíssimo para as leitoras, e faz de Fon-Fon um referencial para pesquisas atuais
sobre comportamento em relação à década de 1920.
A modernização da década em questão é marcada pela ambigüidade. Além de trazer a
preocupação com a idéia de moderno, o período em si foi o esboço, também, uma série de tensões,
como a revisão dos papéis que os homens e as mulheres “deveriam” assumir, entre o moderno e o
tradicional, entre o ideal burguês e os valores da população assalariada. Porém, essa tensão vai
muito além da idéia de dominação, de modernização imposta. Segundo Fabiana, há uma dialética
dúbia entre o que era considerado moderno e o que era tradicional. Ela aponta, ainda, que muitas
vezes o discurso tradicional era utilizado, também pelas próprias mulheres, para tornar evidente seu
papel na sociedade, de dona de casa e mulher do lar.
A França sempre exerceu um grande fascínio no Brasil, mas nunca como na Belle Ép
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