Respostas
A biodiversidade da região amazônica e como consequência devido a localização do parque nacional do Tumucumaque do Estado do Amapá nessa região, destaca-se pela riqueza ainda praticamente desconhecidas de espécies com potencial para uso na agricultura, melhoramento genético e domesticação, incluindo espécies florestais, frutíferas, palmáceas, forrageiras, medicinais e industriais. Em função da grande diversidade natural existente nas áreas tropicais, com a possibilidade de perdas de populações naturais pela ação antrópica e dos conhecimentos limitados sobre recursos genéticos de espécies nativas, a sociedade científica considera esses ecossistemas como os mais prioritários para estudos de conservação e uso econômico direto e futuro. Resultados de estudos conduzidos anteriormente, indicam que coletas de recursos genéticos requerem alternativas de conservação mais sustentáveis, que reduzam perdas de acessos por pressões bióticas e abióticas e, principalmente, possibilitem a valoração da diversidade genética através dos procedimentos usuais de avaliação, caracterização e utilização das amostras de populações naturais resgatadas, procedimento difícil mas que deve existir tentativas para criação de metodologias propícias a estas necessidades. Mais da metade das variedades comerciais recomendadas para plantio, no Brasil, é de origem exógena, apesar do país ser considerado o detentor da maior biodiversidade mundial. Esta contradição denota que existe enorme necessidade de uma maior exploração dos recursos genéticos autóctones, principalmente por motivos estratégicos e de segurança nacional. Exploração que não deverá esquecer os princípios de sustentabilidade, desenvolvendo esforços concentrados para o aprofundamento dos conhecimentos sobre a biodiversidade disponível na região amazônica e em especial no parque nacional do Tumucumaque, para determinar os componentes de importância atual e potencial para utilização, ou seja, os famosos recursos genéticos tão cobiçados pelos países desenvolvidos.
Os usuários tradicionais de recursos genéticos têm sido os melhoristas, além de profissionais de área que envolvam seres vivos, a exemplo da taxonomia, genética, fisiologia, fitopatologia, biologia e ecologia. Presentemente outras áreas científicas vêm apresentando um crescente interesse, como a etnobiologia, biologia molecular e biologia celular.
Em relação ao potencial oferecido pela biodiversidade, o Brasil é um dos poucos países do mundo que podem ser classificados como de alto nível de diversidade biológica ou a famosa megadiversidade, provavelmente como efeito da diversidade apresentada pelos seus diferentes biomas e ecossistemas ao longo do seu território. Em número de espécies, os pesquisadores estimam algo em torno de: (a) 55.000 de plantas superiores, com destaque para palmeiras; (b) 3.010 de vertebrados terrestres; 428 de mamíferos; 516 de anfíbios; 467 de répteis; 1.622 de aves e 3.000 de peixes de água doce; e (c) 10 a 15 milhões de insetos, muitos deles de famílias ainda não descritas. Isto tudo sem contar com o enorme potencial oferecido pelos microrganismos que poderá constituir uma fonte de recursos genéticos de valor incalculável.
Quanto à variação genética existente na natureza, os complexos gênicos, agrupamentos populacionais de espécies de um dado gênero, são conjuntos estratégicos a considerar e que devem ser respeitados, pois neles são mantidas as informações genéticas relativas à diversificação de populações no âmbito da área de dispersão geográfica de cada gênero, garantindo a sobrevivência às mudanças ambientais. Deste modo fica claro a importância de se aprofundar os estudos relativos a biodiversidade, de maneira criteriosa, na região amazônica e em especial no Parque Nacional do Tumucumaque.