• Matéria: Biologia
  • Autor: SandraDamaso7072
  • Perguntado 7 anos atrás

descrever os efeitos da febre amarela nas espécies de macacos no brasil.? me ajudem pleaseeee!

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respondido por: weslleyycarllopeeq53
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O Brasil vive, neste momento, um desastre ambiental gravíssimo: uma das maiores mortandades de primatas da história da Mata Atlântica, em função da intensa circulação do vírus da febre amarela. A situação é mais grave nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, mas há registros também em São Paulo, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul.

Existe uma alarmante preocupação entre os profissionais que trabalham pela conservação de primatas brasileiros com relação à extensão e gravidade da mortandade que estamos testemunhando. Esta preocupação se amplia diante da divulgação, por distintas mídias, de informações equivocadas sobre o real papel que os macacos desempenham no ciclo da febre amarela. Jornais escritos e telejornais exibiram reportagens recentes que declaram ou sugerem que os macacos são responsáveis pela existência do vírus e por sua transmissão aos humanos. Isso pode levar as pessoas a maltratarem ou matarem macacos no afã de proteger a população humana. Em uma situação semelhante à atual, como a ocorrida entre 2008 e 2009, no Rio Grande do Sul, as mortes em decorrência da febre amarela, somadas àquelas decorrentes de agressões contra os macacos, levaram o bugio-ruivo a ser listado novamente como espécie ameaçada de extinção no Brasil (Portaria n° 444/2014, Ministério do Meio Ambiente).

Nossa preocupação é ampliada por estarmos com uma situação semelhante àquela vivida em 2008-2009 ocorrendo na região onde vivem algumas das espécies de primatas mais ameaçadas de extinção no continente, que têm suas populações já muito reduzidas na Mata Atlântica.  Reportagens equivocadas criam uma imagem negativa dos macacos frente à opinião pública. A fim de melhor qualificar as notícias veiculadas por profissionais da imprensa, jornalistas e formadores de opinião em futuras comunicações sobre o assunto, gostaríamos de disponibilizar informações críticas compiladas por primatológos, incluindo zoólogos, ecólogos, veterinários, epidemiologistas e gestores públicos das áreas de saúde e meio ambiente.

A febre amarela (FA), que foi introduzida ao Brasil a partir da África há centenas de anos, não é contagiosa. Os macacos, assim como os humanos, não transmitem diretamente essa doença. O vírus pode circular em dois ciclos básicos: o urbano e o silvestre. No ciclo urbano (não registrado no Brasil desde 1942), a transmissão se dá dentro de cidades através do mosquito Aedes aegypti que, nesse caso, é o vetor responsável pela disseminação da doença. No ciclo silvestre, a doença circula entre macacos e outros animais, transmitida por algumas espécies de mosquitos. Humanos NÃO VACINADOS, ao entrarnas florestas, podem ser picados por esses mesmos mosquitos (como, por exemplo, Haemagogus e Sabethes). Mosquitos que tenham se alimentado do sangue de animais ou de humanos em período de viremia (presença do vírus no sangue) podem se infectar e transmiti-lo para novos hospedeiros após cerca de 12 dias.

Diante do exposto, gostaríamos de esclarecer alguns pontos essenciais que devem ser considerados na comunicação com o público neste grave momento de surto de febre amarela que vivemos:

– nas áreas onde existe recomendação de vacina, as pessoas devem procurar orientações para a vacinação. Pessoas vacinadas não tem motivo para temer a doença.

– no Brasil, a febre amarela tem caráter sazonal. Historicamente, o maior número de casos humanos ocorre entre os meses de dezembro a maio, quando fatores ambientais, como o aumento de chuvas e de temperatura, propiciam o aumento da densidade dos vetores (mosquitos).

– os macacos são altamente sensíveis ao vírus da febre amarela, especialmente os bugios ou guaribas (Alouatta) e os sagüis ou micos (Callithrix).  Além disso, eles não têm acesso à vacina! A morte de macacos devido à doença serve como alerta aos órgãos de saúde sobre a necessidade de vacinação imediata da população humana. Ou seja, os macacos são vítimas do mesmo agente etiológico e ainda ajudam a sociedade se proteger, já que sua morte indica o risco da doença na região. Por isso, atuam como sentinelas da circulação do vírus da febre amarela.

– os macacos NÃO são reservatórios da doença! Nos macacos, o vírus se mantem por um curtíssimo espaço de tempo. Assim como o homem, são considerados hospedeiros do vírus, pois adoecem e morrem por conta dessa infecção. Os reservatórios do vírus e responsáveis por sua manutenção na natureza são os mosquitos silvestres, os quais, podem transmitir o vírus para novos hospedeiros durante toda a sua vida (cerce de 30 dias)!

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