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Deu a Louca na Chapeuzinho surgiu em 2005 com uma proposta interessante: aplicar no clássico conto da Chapeuzinho Vermelho o artifício usado em filmes como Rashomon e Herói, ou seja, contar a mesma história sob diferentes pontos de vista de forma a, enfim, descobrir o que realmente aconteceu. O clima de investigação e as piadas em torno dos contos de fadas, aliados a personagens marcantes como o esquilo veloz e o bode cantor, fizeram do filme uma boa diversão, capaz de agradar crianças e adultos. Seis anos depois, Deu a Louca na Chapeuzinho 2 surge como o oposto do primeiro filme: sem graça, repetitivo e pouco original.
O problema começa na própria existência da continuação. Deu a Louca na Chapeuzinho trazia uma proposta bem definida, cuja trama fechava em si mesma. Mais do que os personagens, era o formato da história que realmente importava. Deu a Louca na Chapeuzinho 2 inverte os papéis, com os personagens assumindo a posição central em uma trama frágil e infantilizada.
Tudo começa na Agência Felizes para Sempre, que tem por objetivo “criar finais felizes para todos”. Lobo, Vovózinha e Ligeirinho são agentes comandados pelo sapo Nicky e estão às voltas com o resgate dos irmãos João e Maria, sequestrados por uma bruxa má. A missão dá errado e a vovó é também sequestrada. Chapeuzinho Vermelho, em treinamento junto às Irmãs de Capuz, um clã cuja residência fica na Ásia, é chamada para ajudar no resgate.
Sem criatividade, Deu a Louca na Chapeuzinho 2 aposta na manjada fórmula que reúne uma dupla que não se dá bem, mas precisa trabalhar junta, formada por Chapeuzinho e Lobo. O sempre na moda kung fu é usado no combate contra o ogro, claramente inspirado em videogames no estilo Street Fighter e Mortal Kombat – não na qualidade das lutas, mas no estilo de combate visualizado na telona. E há ainda o bode cantor, totalmente dispensável, que surge em várias cenas apenas para que um dos destaques do filme original marcasse presença na sequência.
Além dos gritantes clichês, explorados à exaustão até mesmo nas breves citações a outros filmes – O Poderoso Chefão, O Silêncio dos Inocentes e Star Wars –, a dublagem brasileira traz ainda um “prêmio” extra: uma sucessão de bordões nacionais, das mais diversas épocas. Há desde o “pede para sair” do capitão Nascimento até “mau como um pica-pau”, passando por “a jurupoca vai piar” e o sucesso “como eu tô bandido”. O exagero é tamanho que chega a irritar.
Deu a Louca na Chapeuzinho 2 é um caso claro de sequência desnecessária, que usa os personagens do original de forma descompromissada com a qualidade com a única intenção de faturar mais uns trocados. Fica ainda mais um alerta: o 3D é irrelevante. Péssimo.