• Matéria: Português
  • Autor: racsonanarn
  • Perguntado 9 anos atrás

A contemporaneidade, o tempo que nos foi dado viver, vem se caracterizando – de um modo irreversível, ao que tudo indica – pelo império das aparências, do espetáculo (vide a inflação dos inapropriadamente chamados reality shows espalhados pelas TVs do mundo), e pela ditadura do discurso. Aos homens do nosso tempo, não interessa tanto ser, como parecer; importa menos o objeto do que o discurso sobre o objeto. A condição contemporânea, tantas vezes rotulada de pós-moderna, poderia, numa vasta medida, ser chamada de pós-real, pois nunca, como agora, os referentes concretos da realidade se mostraram tão porosos ou esmaecidos. As origens do virtual de hoje, contudo, podem ser rastreadas ainda no século XVIII, não apenas em eventos como a revolução industrial, que trouxeram – primeiro para o mundo do trabalho, depois para os demais aspectos da vida – uma convivência com a máquina até então impensada e impensável, como, também, a partir dali, nas reflexões sociológicas e filosóficas que a tomaram como tema e, sobretudo, na literatura, território onde a loucura e os fantasmas – inclusive os do mundo dito “real” – trafegam com uma desenvoltura não desejável ou permitida às ciências “duras”. Machado de Assis, por exemplo, /.../ já diagnosticava esse fenômeno que só se consolidaria e se tornaria evidente nos dias atuais: a desmaterialização da realidade que vai, aos poucos, se transformando num signo ou num simulacro e a instauração do império das aparências, do espetáculo.

Júlio César de Bittencourt Gomes

O texto acima faz referência a uma relação que se pode estabelecer entre certas características da contemporaneidade e algumas reflexões de Machado de Assis reconhecíveis nos contos propostos nesta atividade.

Redija um parágrafo de cinco a oito linhas justificando a afirmação acima.

Respostas

respondido por: Rosiiane
6
Essa é uma questão muito pessoal de interpretação...
MEU PONTO DE VISTA!!!

A similaridade que percebo é que na sociedade contemporânea assim como na sociedade da época descrita por Machado (aliás, um visionário) é que as pessoas vivem muito de aparências, representam seus papeis sociais para agradar mais aos outros que a se mesmos. Machado ironiza uma sociedade hipócrita apegada ao materialismo, aos títulos, que viviam vidas sem sentido, como atores de uma grande peça teatral. Hoje em dia as pessoas vivem conectadas, à distância de um clique, mas sem de fato se aproximarem. Pessoas que fantasiam em seus perfis nas redes sociais, expondo suas vidas como gostariam que fosse, ou como gostaria que os outros enxergassem. Em síntese, em ambos os os casos, trata-se apenas da  sociedade, em momentos distintos, se transformando, evoluindo, e junto dela, como uma erva daninha, esse mundo de fantasias que tem se tornado cada vez mais o "real".

OBS.: É mais ou menos por aí. Faça um resumo e boa sorte" :)



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