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Trazido como imigrante forçado e, mais do que isto, como escravo, o negro africano e os seus descendentes contribuíram com todos aqueles que dinamizaram o trabalho durante quase quatro séculos de escravidão. Em todas as áreas do Brasil eles construíram a nossa economia em desenvolvimento, mas, por outro lado, foram sumariamente excluídos da divisão dessa riqueza.
Esta história começa com a chegada das primeiras levas de escravos vindos da África. Isto se dá pro volta de 1549, quando o primeiro contingente é desembarcado em São Vicente. D. João III concedeu autorização a fim de que cada colono importasse até 120 africanos para as suas propriedades. Muitos desses colonos, no entanto, protestaram contra o limite estabelecido pelo rei, pois desejavam importar um número bem superior. Por outro lado, alguns historiadores acham que bem antes dessa data já haviam entrado negros no Brasil.
Afirmam mesmo que na nau Bretoa, para aqui enviada em 1511 por Fernando de Noronha, já se encontravam negros no seu bordo.
A consolidação da economia colonial intensificou o tráfico para o Brasil, especialmente para o Nordeste, onde um tipo de agroindústria se concentrou e floresceu com o cultivo da cana- de- açúcar.
Em 1586, colônia, as estimativas davam uma população de cerca de 57.000 habitantes e deste total 25.000 eram brancos, 18.000 índios e 14.000 negros.
Em 1798, segundo o cálculo de Santa Apolônia, para uma população de 3.250.00 habitantes, havia um total de 1.582.00 escravos, dos quais 221.000 pardos e 1.361.000 negros, sem cortarmos os negros libertos, que ascendiam a 406.000.
Prosseguindo a chegada de africanos, aumentava a seu peso demográfico no total da população brasileira.
Pra o biênio 1817-1818, as estimativas de Veloso de Oliveira davam, para um total de 3.817.000 habitantes, a cifra de 1.930.000 escravos, dos quais 202.000 pardos e 1.361.000 negros havia, também, uma população de negros e pardos que chegava a 585.000.
No século XVIII, o qual, segundo o historiador Pandiá Calógeras, foi o de maior importação de africanos, a média teria chegado a 55.000 entradas anualmente. Essa massa populacional negro-africanas, embora se concentrando especialmente na região nordestina, se espraiará, em maior ou menor quantidade, por todo o território nacional.
Embora não tenhamos possibilidades de estabelecer o número exato de africanos importados pelo tráfico, podemos fazer várias estimativas. Elas variam muito e há uma tendência de se diminuir esse número, em parte por falta de estatísticas e também porque muitos historiadores procuram branquear a nossa população.
Essas discussões sobre o número de africanos entrados no Brasil se reacenderam quando se procurou quantificar essa população escrava, e posteriormente a afro-brasileira, para com isso estabelecer-se o padrão do que se poderia chamar de Homem Brasileiro.
A apuração da nossa realidade étnica excluiria o branco como representativo do nosso homem, daí se procurar subestimar o negro no passado e a sua significação atual.