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O último imperador
D. Pedro II, o último imperador do Brasil, assumiu o trono aos 15 anos de idade, fundou a cidade de Petrópolis era um erudito, entusiasta da ciência e amante das artes.
JOSEMIR MEDEIROS
Na semana que passou, Petrópolis comemorou o 175º aniversário de D. Pedro II, o último imperador do Brasil que construiu nas terras da antiga Fazenda do Córrego Seco o seu palácio de verão - hoje Museu Imperial - e fundou, em torno da sua casa, Petrópolis, a cidade de Pedro. O imperador gostava do clima e da tranqüilidade da cidade planejada pelo major alemão Julio Frederico Koeler. Gostava tanto que a ele atribui-se a autoria da frase "Parto amanhã para Petrópolis. Lá desfruto dos melhores momentos de minha vida". Sem dúvida, D. Pedro II deve ter vivido bons momentos em Petrópolis, mas pelo menos um não foi dos melhores. Em 1889, na sua residência de verão, o imperador recebeu a notícia de que a República havia sido proclamada no Brasil.
Filho do Imperador Pedro I e da Imperatriz Leopoldina, Pedro de Alcântara nasceu em 1825 e faleceu em 1891. Destinado a herdar a coroa imperial, teve que se separar de sua família já aos seis anos de idade, quando seu pai abdicou do trono e voltou a Portugal para resolver uma crise política. Até completar 18 anos, quando herdaria o trono, Pedro de Alcântara deveria estar sob os cuidados de homens ilustres, encarregados da sua educação. Seu tutor era José Bonifácio e o menino tinha ainda como professores Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias e o artista francês Félix Émile Taunay.
Sob os cuidados de seus tutores e destinado a governar um país, o menino Pedro de Alcântara era submetido a uma rígida rotina diária: Levantava-se às 7 horas e às 8 almoçava na presença do médico que examinava a qualidade dos alimentos. Após esse almoço começavam as aulas e ao meio-dia era servido o jantar. Em seguida, começava o tempo da conversação, que estava sob a responsabilidade do Camarista e da Camareira. Eles deveriam falar ao futuro Imperador sobre assuntos de natureza científica e benemérita. Esse período durava até às 16h30, no inverno, e até às 17h30, no verão. Em seguida, Pedro de Alcântara andava à cavalo. No entanto, o país não pôde esperar a maioridade do imperador. Por volta de 1840, as regências que governavam o país eram alvos de descontentamentos por parte da população, inconformada com os aumentos de impostos e com a política centralizadora das regências. Por conta disso, a maioridade de Pedro de Alcântara foi antecipada e o país então passou a ser governado por um imperador com apenas 15 anos de idade, D. Pedro II.
D. Pedro II foi um governante austero que fazia questão de cumprir com zelo todas as suas obrigações burocráticas e de punir os políticos acusados de conduta moralmente irregular. Adepto da leitura, era um erudito e protegia artistas e intelectuais, além de se corresponder com personalidades como o cientista Louis Pasteur e o compositor Wagner.
Apesar do título de imperador, D. Pedro II preferiu governar a reinar e o fez amparado num regime parlamentar de modelo inglês. Ele nomeava o presidente do Conselho de Ministros, e este escolhia o Ministério, compondo assim o Poder Executivo. A Câmara, formada pelas elites agrárias, e o Senado formavam o Poder Legislativo e, quando havia divergências entre o Gabinete e a Câmara, D. Pedro II exercia o poder moderador.
Durante quase 50 anos governou em clima de estabilidade política que só foi quebrada em 1870, graças aos efeitos da Guerra do Paraguai que nos deixou uma enorme dívida externa para com a Inglaterra e uma crescente inflação, fatores que viriam abalar a estabilidade econômica do Império brasileiro.
No dia 15 de novembro de 1889, as Forças Armadas saem às ruas, ocupam edifícios públicos e constituem um Governo Provisório, proclamando a República. No dia seguinte, D. Pedro II recebe um documento do comandante da Cavalaria onde está escrito que o Imperador, "patrioticamente", deve fazer o "sacrifício" de deixar o território brasileiro com toda a sua família. No dia seguinte a família Imperial deixaria o Brasil rumo à Europa, desejando progresso para o país, conforme consta na resposta ao governo provisório, que D. Pedro II redigiu naquele mesmo dia. "Ausentando-me, pois, eu com todas as pessoas da minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo ardentes votos por sua riqueza e prosperidade".